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Padre Alessandro Campos, 33, sabe que não deve deixar o sucesso subir à cabeça –adornada com um chapéu de caubói. “Não posso perder o foco”, diz Padre Sertanejo, como o chamam por aí.

Mas sabe como é: “Quando Deus quer, ninguém segura”.

Motivos para se preocupar ele tem. Mais precisamente, 900 mil deles. É a quantidade de CDs que vendeu com seu segundo álbum, “O que É que Eu Sou sem Jesus?” (2014), o equivalente a seis “discos de diamante” (láurea mais alta para vendas no Brasil) e à frente de Ivete Sangalo e Roberto Carlos.

O feito catapultou esse católico de Guaratinguetá –distante 178 km São Paulo– à lista dos 50 álbuns mais vendidos do mundo em 2014, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica.”O mercado fonográfico está em baixa. Hoje o artista vende 50 mil e tem disco de ouro. Nós vendemos quase 1 milhão em seis meses”, afirma Campos, que credita a bonança ao Senhor. “Trata-se de um padre que é artista, e não de um artista que é padre.”

No programa, entre cantorias sacrocaipiras e mensagens religiosas, Campos anuncia produtos. “Remédio, ômega 3, cremes, essas coisas de emagrecer. Nada que comprometa a minha imagem de padre.”
A cota publicitária na atração (R$ 9.375 por inserções de dois minutos) por ora lotou.

Ele ressalta que não faz “show de R$ 500 mil” e que boa parte de sua renda vai para três creches e a igreja que constrói em Mogi das Cruzes (SP). Mas seu projeto dos sonhos ainda não saiu do papel.

O Santuário Nacional Sertanejo tem formato de chapéu de vaqueiro, imagina ele. Tira o próprio da cabeça e detalha como seria a estrutura: uma escadaria na frente; o templo para 30 mil pessoas na parte de dentro; por fora, uma grande arena de rodeio; as duas abas virariam arquibancadas; no topo, o palco para shows.

Padre Alessandro conta sempre a mesma história para falar da vocação: aos sete anos, vestia a camisola da avó e, com groselha e bolacha Maria, brincava de celebrar missa. “Aos 23, virei um dos padres mais jovens do país.”