INTELCada vez mais, trabalhadores do Vale do Silício – região nos EUA considerada a capital mundial da tecnologia e de onde saem as principais avanços do setor – estão utilizando substâncias que estimulam a criatividade e produtividade, além de melhorar a memória e concentração, segundo uma reportagem publicada no site da BBC.

Pode parecer até cenário do filme Sem Limites, onde o protagonista, interpretado por Bradley Cooper utiliza uma droga chamada NZT-48 para aumentar exponencialmente sua inteligência e melhorar a concentração, passando a utilizar 100% da capacidade cerebral. Entretanto, o consumo de nootrópicos no cotidiano do meio corporativo de empresas é uma realidade que ganha contornos mais fortes a cada ano e liga um alerta para médicos e trabalhadores envolvidos nesse esquema.

O termo nootrópico é uma junção de duas palavras gregas, nóos (mente) e tropo (direção) e serve para designar uma sustância que supostamente melhora o desempenho mental sem produzir efeitos colaterais negativos.

Sob este chapéu estão, por exemplo, compostos químicos da família dos recetams, como o piracetam e o pramiracetam, que ganham cada dia mais popularidade nos meios corporativos que aceitam o uso de nootrópicos.

O piracetam se propõe a melhorar as funções cerebrais envolvidas em processos de aprendizagem, memória, atenção e consciência. Já o pramiracetam, que dificilmente é achado no Brasil, promete ampliar a capacidade cognitiva e energia mental.

Outra substância já conhecida pelo médicos que ganha espaço nesse nicho é o Adderall, prescrito para tratar transtornos como hiperatividade e narcolepsia.

Embora não haja dados oficiais sobre o consumo dessas substâncias, um aumento significativo de seu uso foi registrado por grupos de saúde em países como os Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Na internet, diversos fóruns debatem o consumo dessas substâncias e quem as utiliza garante que elas melhoram o metabolismo cerebral.

Parecer de um especialista

O professor de neurociência da Universidade do Texas em Dallas Lucien Thomson coloca em xeque a eficácia de muitos do nootrópicos. Ele afirmou à BBC que os estudos realizados não são conclusivos sobre eficácia e efeitos colaterais.

Para o especialista, estimular a mente com exercícios é o melhor caminho para um “ganho cerebral”, como palavras cruzadas, jogos e interações sociais. Apesar de não negar que o consumo pode trazer algum benefício, Thomson ressalta que a maioria dos medicamentos vendidos como nootrópicos não resultou em efeitos positivos a longo prazo.