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Protesto dos caminhoneiros na Rodovia dos Bandeirantes, altura do KM 23 em São Paulo

A mobilização foi convocada por meio das redes sociais e não conta com o apoio das confederações do setor

Caminhoneiros bloqueiam nesta segunda-feira (9) trechos de várias estradas do País para reclamar da alta de impostos e da elevação nos preços de combustíveis. Eles são contra o governo Dilma Rousseff e pedem o aumento do valor do frete.

O movimento foi convocado por meio das redes sociais. A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos afirmou, em nota, que não concorda com a mobilização. A União Nacional dos Caminhoneiros também disse discordar dos bloqueios.

Há manifestações em 12 Estados: Bahia, no Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Na capital paulista, na altura do km 23 da Rodovia Bandeirantes, o comboio seguia exibindo faixas de repúdio ao governo.

Segundo um dos líderes do movimento no Rio Grande do Sul, Fábio Roque, o grupo não é ligado a sindicatos ou federações. “Somos apartidários e sem cunho político. Nós lutamos pela salvação do País, e isso só será feito a partir da deposição da Dilma, seja por renúncia ou por impeachment”, disse em entrevista à Agência Brasil.

“Muitos caminhoneiros não estão na rodovia, mas parados em casa”, disse Roque. “Nossa preocupação é com o risco de pessoas contrárias ao nosso movimento usar de má fé e atentar contra a vida de pais de família”, acrescentou.

Caminhoneiros colocaram faixas em forma de protesto na BR 040, perto de Valparaíso de Goiás
Marcelo Camargo/Agência Brasil – 09.11.15

Caminhoneiros colocaram faixas em forma de protesto na BR 040, perto de Valparaíso de Goiás

Entidades da categoria divulgaram notas em que criticam a manifestação. Por meio de nota, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) classificou como imoral “qualquer mobilização que se utiliza da boa fé dos caminhoneiros autônomos para promover o caos no País e pressionar o governo em prol de interesses políticos ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da categoria”.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), entidade filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), declarou que os caminhoneiros estão sendo usados em prol de interesses políticos, e que o grupo não representa e não tem compromisso com a categoria.

“Os caminhoneiros não precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as condições de trabalho como pontos de parada com estrutura adequada, confortável e segura para atender suas necessidades. Quem realmente representa os interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as reivindicações dos caminhoneiros”, disse a entidade por meio de nota.

Fábio Roque rebateu as críticas das entidades. “A crítica que eles fazem ao nosso movimento é a prova de que eles estão do lado do governo e, por isso, não têm credibilidade com a classe”, afirmou.

São Paulo

Em São Paulo, os caminhoneiros ocupam, neste momento, três faixas da pista expressa da Marginal Tietê, no sentido Rodovia Ayrton Senna. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), por volta das 13h, o comboio estava na altura da Ponte Jânio Quadros, no bairro Vila Maria, zona leste paulistana. Iniciado por volta das 11h, o protesto provocou lentidão de 15 quilômetros (km) na Tietê, da Ponte dos Remédios ao Arco da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Um vídeo publicado na página do Facebook do Comando Nacional do Transporte, grupo que convocou os protestos, mostra uma fila de caminhões fazendo buzinaço. Nos para-brisas dos veículos, estão escritas mensagens que pedem a saída da presidente Dilma Rousseff. “Seu governo não tem mais legitimidade. O seu partido provocou a destruição do Brasil”, diz a mensagem do comando na mesma rede social. Não foram identificadas nas postagens as reivindicações especificamente para a categoria.

Assista ao vídeo:

Governo

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva, afirmou que os caminhoneiros em greve não apresentaram uma pauta de reivindicações e que a paralisação tem como objetivo o desgaste político do governo. Segundo ele, o governo da presidente Dilma Rousseff respeita as manifestações e está aberto ao diálogo, mas não recebeu uma pauta para negociação.

“No nosso entender, essa é uma greve que atinge pontualmente algumas regiões do País e, infelizmente, um movimento que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político do governo. Se tivermos uma pauta de reivindicação, como tivemos em outros momentos, o governo sempre estará aberto ao diálogo. Agora, uma greve que se caracteriza com o único objetivo de gerar desgaste ao governo, ela vai de encontro aos interesses da sociedade brasileira”, disse o ministro em entrevista no Palácio do Planalto.

Edinho Silva participou nesta manhã da reunião semanal de coordenação política com a Dilma e os líderes do governo no Congresso Nacional. Ele informou que o assunto não foi discutido no encontro, que teve como tema principal a necessidade de aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso.

Caminhoneiros atearam fogo em pneus na BR-040, na região de Valparaíso de Goiás
Marcelo Camargo/Agência Brasil – 09.11.15

Caminhoneiros atearam fogo em pneus na BR-040, na região de Valparaíso de Goiás

De acordo com o ministro, a greve não busca melhorias para a categoria. O político disse esperar que os caminhoneiros coloquem em primeiro lugar os interesses da sociedade, que é prejudicada com a paralisação. “Você não pode apresentar uma pauta onde o centro seja o desgaste do governo. Uma greve geralmente vem com questões econômicas, sociais, geralmente ela é propositiva. Mesmo quando trata de questões políticas, é propositiva”, afirmou.

“Nunca vi uma greve onde o único objetivo é gerar desgaste ao governo. Penso que é uma paralisação que, portanto, que não busca melhorias para a categoria. Esperamos que aqueles que estão envolvidos nessa mobilização possam colocar acima de qualquer outra questão o interesse da sociedade.”

*Com Agência Brasil