Programa criado pelo fisiologista Marco Borges, personal trainer de famosas como Beyoncé, defende 22 dias para mudar os hábitos alimentares e seguir saudável e bonita

Uma das dietas que deu o que falar em 2015 foi a “dieta da Beyoncé”. A cantora atraiu olhares no baile de gala Metropolitan Museum, em Nova York, nos Estados Unidos, em abril, ao exibir as curvas em um vestido transparente. O corpo foi conquistado depois de seguir um programa alimentar vegano e de exercícios prescritos pelo fisiologista do exercício – e seu personal trainer – Marco Borges: a Revolução dos 22 dias.

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AP

Cantora Beyoncé no baile do MET, em Nova York

O livro que leva o nome da dieta chegou ao Brasil em outubro e já tem adeptos por aqui. “Em três dias já senti a diferença”, afirma Natália Ferreira, engenheira agrônoma, 27 anos, que seguiu os passos descritos no livro. Em 22 dias, ela emagreceu 6 kg e impressiona pela perda de medidas: “Meu quadril reduziu de 104 para 96 cm”.

Como funciona?

Ao longo do livro, o Marco Borges destaca os benefícios de uma dieta vegana à base de frutas, legumes, verduras, grãos e sementes, completamente livre de aditivos químicos e produtos processados. São proibidos quaisquer produtos industrializados ou de origem animal.

O fisiologista do exercício monta um plano alimentar completo, dá receitas e descreve um programa de exercícios para seguir nos 22 dias da dieta. Para ele, esse é o tempo para se livrar de um hábito antigo, como a má alimentação, e mudar a rotina. “Quando eu estudava psicologia, descobri que alguns psicólogos acreditam que levamos 21 dias para criar ou deixar um hábito. O cérebro humano é uma máquina impressionante, que pode se reprogramar com o passar do tempo”, explica.

Ele ainda defende que a alimentação saudável também é uma arma à prevenção do câncer, diminuição dos níveis de colesterol e pressão arterial, redução do risco de doenças cardíacas e tratamento do diabetes.

Vamos testar!

Natália se encantou com a mudança de Beyoncé, que escreve o prefácio do livro de Marco. “Vi uma entrevista da Beyoncé falando sobre a dieta e achei diferente. Uma amiga falou sobre o livro e decidi comprar”, conta.

Ela começou a dieta depois de um alerta do noivo. “Estava com 69,8 kg quando comecei e meu peso ideal é em torno de 64 kg. Não tinha noção ou consciência de como estava, mas já não estava muito feliz com meu corpo. Então meu noivo, que mora fora do Brasil e vem para cá de dois em dois meses, me viu e comentou: ‘Amor, você precisa dar uma corridinha’. Ele foi todo carinhoso ao falar isso, mas eu entendi a dica”.

Resultados da dieta

“Em 22 dias, perdi 6 quilos. Quando fazia apenas academia e uma alimentação comum, não senti tanta mudança como agora. Não percebia o músculo desenvolver tão rápido e nem a perda de gordura”, afirma Natália. Além da alimentação vegana, o programa prevê exercícios aeróbicos, como corrida ou bicicleta, nos dias ímpares e exercícios de resistência nos dias pares. B2
Arquivo pessoal

Natália antes da dieta e com a mesma roupa depois dos 22 dias. Shorts já estava bem mais largo

Ela também comemora a redução de medidas no quadril. “Meu corpo é fino em cima e maior embaixo e isso sempre me incomodou. Agora minhas calças estão mais largas e passei do 42 para o manequim 40, sem strech”.

Outro benefício foi o fim do inchaço, segundo a engenheira agrônoma. “Mesmo comendo pouco sal, por exemplo, sempre tive problema com inchaço e retenção de líquido. Não senti nada de inchaço nesses 22 dias. E percebi que estava eliminando os líquidos”.

Nada de carne, queijos, bebidas… 

A “Revolução dos 22 dias” não inclui nenhum tipo de carne, nem peixe, e exige disciplina. “Nunca tinha deixado de comer carne. Sou mineira e sempre que ia para minha casa, tinha uma leitoa assando”, conta Natália, que atualmente mora em Bauru e cursa pós-graduação. “Divido casa e as outras meninas não estavam na dieta. Elas comiam carne, batata frita, mas eu me segurei. Não foi fácil, mas eu coloquei na cabeça que faria. Era uma meta”, comenta.

“Agora minhas calças estão mais largas e passei do 42 para o manequim 40, sem strech”

Ela dá uma dica: abuse das fotos. Segundo a agrônoma, ter se fotografado antes e durante a dieta foi um estímulo a mais para não desistir.

Entretanto, nos 22 dias é melhor ficar em casa. Segundo Natália, pelas restrições, fica complicado sair com amigos ou ir a festas e conseguir se adequar ao cardápio. “Mas passa rápido e vale a pena”, garante.

“O que mais senti falta nesse tempo foi daquele queijo puxando. Também teve o doce, principalmente na TPM, mas comia uma tâmara e isso ajudava”, explica. “É importante seguir o que está no livro e ler todos os dias porque isso também incentiva a continuar”, completa.

E depois dos 22 dias?

Passado o tempo da dieta, os hábitos realmente mudaram? “Fui a casa de uma amiga em um final de semana e não consegui comer muito. Gosto de carne, de queijo e não consegue esquecer tudo isso de uma vez. Mas não estou sentindo vontade de comer. E quando comi carne, logo inchei de novo. Para eu viver melhor, tenho que continuar com os novos hábitos e a dieta”, fala Natália. Ainda assim, sem se isolar: “Posso sair e pedir uma porção mais ligth ou dosar na cerveja. Vou tentar conciliar”.

“O objetivo é que a pessoa desenvolva hábitos mais saudáveis nesses 22 dias e, como resultado, continue se alimentando assim. Eventualmente pode-se incluir outros alimentos”, afirma Marco Borges.

Dieta para todos

Segundo Marcos Borges, a  “Revolução dos 22 dias” é para qualquer um. “É possível fazer a dieta sozinha, mas é importante consultar um médico antes de começar qualquer programa de exercícios ou alimentação ou mesmo suspender o uso de algum medicamento”, alerta o autor do livro.

“Na primeira semana, senti fome no meio da tarde. Mas comia uma tâmara ou uma castanha”

Apesar do cardápio vegano, Natália diz que se sentiu muito bem. “Não senti fraqueza, dor de cabeça. Trabalho no campo, andando, carregando peso e não senti nada de diferente”. Entretanto, o começo não foi fácil. “Na primeira semana, senti muita fome no meio da tarde. Mas comia uma tâmara ou uma castanha. O livro não contabiliza esses lanches, só as refeições principais”, explica. Ela também ressalta que as porções das refeições são grandes e isso ajuda na saciedade.

E já que não há industrializados na lista de alimentos, é preciso cozinhar. Mas isso também não assusta, de acordo com Natália e Marcos Borges. “Os pratos são muito simples e diversos alimentos são consumidos crus”, minimiza o autor. “Eu adoro cozinhar, mas o livro sugere coisas simples, que mesmo quem não sabe consegue fazer. Lá indica também o que comprar, qual a quantidade”, completa Natália.

Ela ainda afirma que a dieta não é cara. Mesmo com diversas castanhas e cereais que geralmente têm o preço mais salgado, não é preciso comprar em grandes quantidades todas as semanas. “Nas três semanas, eu gastei uma média de R$ 300. Você precisa comprar uma pasta de amendoim ou um azeite balsâmico que são caros, mas isso dura toda a dieta”.