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Médico questionam inexistência de testes que comprovem eficácia da fosfoetanolamina no combate ao câncer

A lei que autoriza a produção e distribuição de fosfoetanolamina sintética para pacientes com câncer, sancionada pela presidente Dilma Rousseff na última semana, agora causa dúvidas em médicos e pesquisadores.

O principal questionamento é por conta da substância, mais conhecida como “pílula do câncer”, nunca ter passado por estudos em seres humanos e ainda não possuir eficácia comprovada.

 “Quem vai produzir a substância e assumir a responsabilidade pelos pacientes que optarem por usá-la? É uma catástrofe completa”, afirma o oncologista Rafael Kaliks, médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

“A questão agora é como os médicos devem agir. Como médico, não posso impedir o paciente de usar, mas é importante dizer que não recomendo e não posso estipular dose ou prescrever”, alerta.

Caso de morte

Kaiks relata que seu paciente, um idoso de 60 anos, morreu após 2 meses de uso da fosfoetanalomina sintética, por conta própria, após esgotar as opções de tratamento para um câncer de pâncreas.

Quando começou a tomar a substância, ele tinha alguns tumores no fígado. Após dois meses do uso da fosfo, espalharam-se pelo corpo inteiro. Ele morreu duas semanas após fazer o exame.

“No mínimo, a fosfoetanolamina não fez nada para barrar a progressão da doença. Não descarto a hipótese de ter estimulado o tumor. Não é comum ver uma progressão tão rápida quanto essa”, analisa Kaliks.