ZICAUm grupo de pesquisadores brasileiros afirma ter descoberto um medicamento antiviral capaz de combater dengue, zika e chikungunya. A fórmula, composta por três substâncias já conhecidas e presentes em alimentos, vitaminas e remédios com diferentes funções, contém quercetina, um componente encontrado em frutas e verduras, além de um anti-histamínico (antialérgico). O terceiro componente antiviral permanece sob sigilo. Para os estudos de fase 1 e 2, que avaliam segurança e toxicidade da formulação, o grupo vai solicitar isenção à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dada a natureza já conhecida dos componentes.

Agora, os cientistas buscam um laboratório farmacêutico para a última etapa da pesquisa, na qual o produto será testado em 300 pessoas. — A patente da fórmula foi registrada em setembro no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). São substâncias já conhecidas na literatura médica e registradas na Anvisa, para outras finalidades e separadamente. A quercetina já é usada, mas em concentrações baixas, em alimentos, vitaminas e medicações. Mudando a concentração, altera-se a indicação — explica o farmacêutico Milton Ferreira Filho, pesquisador da Fiocruz e especialista em farmacocinética e planejamento de novos fármacos.

O grupo independente, formado por farmacêuticos, químicos, biólogo e médico, chegou à formula analisando estudos já publicados. A fórmula, nomeada de D6501, atua em diferentes frentes, inibindo a replicação do vírus nas células e estimulando as defesas do organismo. Já o componente anti-histamínico atuaria comprimindo os vasos sanguíneos, evitando quadros hemorrágicos. Nas negociações com a indústria farmacêutica, o grupo de pesquisadores tenta garantir que o antiviral chegue ao mercado com um preço acessível. O custo estimado da fase 3 da pesquisa é R$ 1,5 milhão. Essa etapa duraria seis meses. A partir daí, a indústria pode entrar com pedido de aprovação na Anvisa. O grupo de pesquisadores: Milton Ferreira Filho – farmacêutico, especialista em farmacocinética e planejamento de novos fármacos, com 13 depósitos de patentes.

Pesquisador da Fiocruz. Ivan Neves Junior – biólogo virologista, doutor em doenças infecciosas pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas. Fabio Teixeira da Silva – farmacêutico, doutor em Química pela UFRJ e especialista em Química de produtos naturais. José Luiz Brandão Paiva – farmacêutico industrial, atua em desenvolvimento de processos e elaboração de projetos. Odílio Souza Lino – administrador e gestor do projeto. É gerente de projetos em laboratório do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz. William Abrão Saad – médico e professor associado do Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP. (Extra)