Entre os micróbios que podem ser encontrados na barba está a Enterococcus faecalis – bactéria intestinal que pode causar infecções no trato urinário

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Apesar das contagens microbianas comparativamente mais altas nesta pequena amostra de homens barbudos, o resultado não aponta para a necessidade imediata de se livrar da barba. (Nevena1987/Getty Images)

Para os homens que não conseguem ficar sem barba, aqui vai uma má notícia: os pelos faciais masculinos carregam mais patógenos – organismos capazes de causar doenças – do que o pelo dos cachorros, revelou estudo publicado recentemente na revista European Radiology. De acordo com os pesquisadores, entre as bactérias infecciosas que podem ser encontradas na barba estão a Enterococcus faecalis – uma bactéria intestinal que pode causar infecções no trato urinário – e Staphylococcus aureus – que pode causar infecções graves quando em contato com a corrente sanguínea.

Apesar dos resultados, a equipe afirma que o estudo não foi baseado em pogonofobia (repulsa por barbas). Na verdade, o objetivo da pesquisa era verificar se há risco de contaminação a partir de um aparelho de ressonância magnética (RM)usado também para exames veterinários. Vale ressaltar que por ser um equipamento caro, é comum que exames de RM em animais de pequeno porte sejam realizados em hospitais humanos.

O achado, portanto, foi uma surpresa até mesmo para os cientistas, que disseram não aconselhar os homens a retirarem a barba apenas com bases nesta descoberta já que “não há razão para acreditar que as mulheres possam ter menos carga bacteriológica do que os homens com barba”.

O estudo

Para chegar a essa conclusão inesperada, os pesquisadores retiraram amostras de pele e saliva de dezoito homens barbudos entre 18 e 76 anos que não haviam sido hospitalizados no ano anterior ao estudo, assim como amostras semelhantes de trinta cães de raças variadas, incluindo schnauzer e pastor-alemão. No caso dos bichinhos, a coleta foi realizada no local considerado mais anti-higiênico (onde as infecções de pele são encontradas com mais frequência). Após a realização dos exames – tanto nos cachorros quanto nos homens barbudos – foram coletadas amostras direto do equipamento para averiguar a transferência de microrganismos infecciosos.

A análise principal buscava a presença de colônias de bactérias humano-patogênicas tanto nos homens quanto nos cachorros. Embora a preocupação fosse que os micróbios dos animais representassem uma ameaça à saúde humana, os resultados mostraram que entre os dois, o homem apresentava muito mais patógenos em comparação com cachorros, além de deixarem os aparelhos de ressonância magnética mais contaminados.

Mais bactérias

Os resultados indicaram que todos os dezoito homens apresentaram altas contagens microbianas tanto na pele quanto na saliva. No caso dos cães, foram 23, entre os trinta animais avaliados. Além disso, sete homens e quatro cachorros tiveram resultado positivo no teste de microrganismos que podem causar doenças quando colonizam certas partes do corpo humano. Entre as bactérias encontradas estavam a E. faecalis e a S. aureus – que, apesar de estarem presentes em até 50% dos humanos adultos, podem causar infecções graves se chegarem ao sangue.

Apesar das contagens microbianas comparativamente mais altas nesta pequena amostra de homens barbudos, o resultado não aponta para a necessidade imediata de se livrar da barba. O que os achados indicam é que o ser humano deixa muito mais bactérias potencialmente infecciosas nos hospitais do que se havia imaginado e, portanto, a higienização dos aparelhos deve ser intensificada também para os pacientes humanos. “Com base nessas descobertas, os cães podem ser considerados limpos se comparados aos barbudos”, concluiu Andreas Gutzeit, da Hirslanden Clinic, na Suíça, ao Daily Mail.