09Estima-se que 60% da população brasileira vai desenvolver em algum momento da vida nódulos da tireoide. Destes, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 95% serão benignos. Em alguns casos, a única indicação para o tratamento é a cirurgia que, no método tradicional, deixa cicatrizes no pescoço e possibilidade reposição de cálcio pelo resto da vida, quando há danos às paratireoides.

“As incisões para retirada de tireoide são discretas, mas se há um incômodo por parte do paciente, ele agora pode optar pela tireoidectomia por acesso transvestibular, a popularmente conhecida como tireoidectomia transoral”, explica o cirurgião de Cabeça e Pescoço, que integra a equipe da Clínica Amo – Assistência Multidisciplinar em Oncologia, Leonardo Kruchewsky.

O vestíbulo é o espaço entre o lábio e a gengiva dos dentes inferiores, onde são feitas três pequenas incisões para a colocação de portais que permitem a passagem da câmera e das pinças para que o cirurgião possa identificar, manipular e retirar a glândula.

“A qualidade das imagens tornam a cirurgia muito segura, com resultados semelhantes aos da cirurgia convencional aberta, em termos de complicações e sequelas. A vantagem é o acesso e a forma com que o cirurgião manipula e enxerga as estruturas. Assim, neste método, o cirurgião consegue com mais facilidade visualizar e identificar as paratireoides e os nervos laríngeos que dão mobilidade às cordas vocais, reduzindo o risco de complicações na voz e da necessidade de reposição de cálcio”, explica o cirurgião.

“O pós-operatório também é muito semelhante ao da cirurgia aberta em termos de tempo de internação e retorno ao trabalho, mas as cicatrizes são mínimas e ficam escondidas dentro da boca”, completa Leonardo Kruchewsky que já está aplicando a técnica em Salvador.

A tireoidectomia transoral é indicada, sobretudo, para pacientes sem tireoidite, com tireoide de até 10 centímetros e, que queiram tentar a cirurgia sem cicatriz. “Esses são os candidatos naturais, embora na medicina, cada caso precisa ser avaliado individualmente”, pontuou o cirurgião, que realizou cursos em São Paulo, pela Sociedade Paulista de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e na Johns Hopkins University, nos Estados Unidos.