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Uma placa que quase passa despercebida de quem dirige pela Rodovia Santos Dumont, na entrada de Campinas (SP), indica um dos locais mais “emblemáticos” do município: o Jardim Itatinga. O bairro, atualmente uma das maiores áreas de prostituição da América Latina, foi criado pelo poder público há 48 anos, em plena ditadura militar, para isolar as profissionais do sexo dos moradores para não “ameaçar a ordem” na cidade.prostituicao1

De acordo com a arquiteta, urbanista e professora Diana Helene, que estudou o bairro em sua tese de doutorado intitulada “Preta, pobre e Puta: a segregação urbana da prostituição em Campinas”, o diferencial do local é ter sido criado exclusivamente para concentrar, numa área distante da cidade, todas as atividades ligadas à prostituição.

“No Brasil não existem outros bairros criados do zero pelo planejamento urbano para esse fim, mas existem alguns em outros lugares do mundo, como o bairro planejado de prostituição no Marrocos, o “quartier reservé” de Bousbir, em Casablanca”, ressalta.itatinga-antigo2

Após vencer a distância, o visitante que chega ao Jardim Itatinga logo se depara com um universo onde tudo gira em torno da prostituição. Há até lojas especializadas para atender as necessidades das profissionais.

No bairro, os serviços sexuais são oferecidos todos os dias da semana, 24h por dia. As profissionais ficam dispostas de duas formas na zona de prostituição: algumas abordam os clientes nas ruas que chegam de carro, já as demais ficam espalhadas em boates.

Apesar da diversidade das mulheres do bairro, a maioria é jovem. “Diversas mulheres se iniciaram na prostituição trabalhando no bairro e grande parte veio de outras cidades do interior e muitas de outros estados. Ou seja, o bairro é uma localidade de referência de acolhimento de prostitutas iniciantes”, destaca a pesquisadora.