09Preso há 47 dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai sair pela primeira vez das dependências da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no próximo dia 5 de junho. Lula será levado à 14ª Vara Federal da capital paranaense para depor como testemunha de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) em um dos 23 processos que correm contra o emedebista no braço fluminense da Operação Lava Jato. A oitiva do petista está marcada para as 10 horas.

O depoimento de Lula, por videoconferência, será tomado no processo que apura a suposta compra de votos para fazer do Rio sede da Olimpíada de 2016. O ex-presidente vai falar ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelas ações Lava Jato no Rio de Janeiro.

Além de Cabral, são réus na ação penal o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COBCarlos Arthur Nuzman, o ex-diretor de marketing e operações do COB Leonardo Gryner e o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”.

Nuzman e Gryner são apontados pelas investigações da Lava Jato no Rio como intermediários de um pagamento de 2 milhões de dólares ao presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), o senegalês Lamine Diack, entre o fim de 2009 e o início de 2010. Em troca do dinheiro, Diack votaria pela escolha do Rio como sede olímpica e ainda influenciaria outros membros africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) a fazerem o mesmo.

 

Conforme as apurações, o pagamento foi feito no exterior a Papa Diack, filho de Lamine Diack, por Arthur Soares, cujas empresas chegaram a ter 3 bilhões de reais em contratos com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Sérgio Cabral. “Rei Arthur” vive em Miami e é considerado foragido pelas autoridades brasileiras.

Presidente da República em 2009, quando o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar a Olimpíada de 2016, Lula está detido em Curitiba para cumprir a pena de doze anos e um mês de prisão a que foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) no processo referente ao tríplex do Guarujá (SP).