Pesquisa mostra que refeição é negligenciada e especialistas alertam que isso compromete atividades no dia a dia

No relógio, o pediatra especializado em nutrição da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Mauro Fisberg, contabiliza o tempo gasto para um café da manhã saudável.

“Cinco minutos são suficientes para consumir a quantidade de cálcio, fibras e outros nutrientes, que vão melhorar o desempenho de adultos e crianças ao longo do dia.”

Ainda assim, segundo pesquisa divulgada esta semana pela empresa de alimentos Nestlé, 17% das 207 mães pesquisadas afirmaram que seus filhos não fazem esta refeição diariamente e um dos responsáveis por isso é a falta de tempo (59%).

Entre as 83% participantes do estudo que disseram nunca abrir mão do café da manhã, metade disse que as crianças comem sempre os mesmos alimentos e 1/3 delas admitiu que quem escolhe os produtos são os meninos e meninas.

Negligenciar o café da manhã, ou deixá-lo monótono – avalia a nutricionista Sílvia Cozzolino, da Universidade de São Paulo (USP) – é perder a oportunidade de consumir cálcio (presente nos derivados do leite), fibras (fornecidas por frutas e cereais) e vitaminas (nos pães, óleos e achocolatados), nutrientes que estão longe de serem consumidos em quantidades ideais pelas crianças e adolescentes do País, como mostrou o último levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado é que a quebra do jejum após as oito horas de sono acontece fora de casa, muitas vezes com produtos sem qualidade nutricional.

“As frituras e os lanches da cantina das escolas, por exemplo, contêm muito sódio. Já se sabe que, quanto mais sódio consumido mais cálcio eliminado do organismo. Lá na vida adulta, esta criança vai colher os prejuízos da ausência deste nutriente (a osteoporose é só um dos exemplos)”, diz a nutricionista.

 

O pediatra Mauro Fisberg acrescenta que outro argumento utilizado para as mães ignorarem o café da manhã é a sonolência das crianças e a falta de apetite por acordar tão cedo. Para estas pessoas, ele responde que “alimentação é hábito e também exemplo”.

” É muito difícil um adulto convencer um menino a tomar café se ele mesmo não faz. Outro ponto a ser levado em conta é que as refeições feitas em conjunto costumam ter qualidade muito maior. O café da manhã poderia ser uma oportunidade da família toda se reunir em volta da mesa, ainda que seja por cinco minutos.”

O nutrólogo da Unifesp oferece ainda outra dica preciosa para fazer a refeição entrar para o cotidiano, mesmo para quem acorda antes das 6h. “Por a mesa antes do filho despertar é uma ótima dica. Variar os cardápios também. Alterne as frutas, os cereais, os sucos e os pães.”

Campanha estrelada

Para conscientizar a população sobre a importância desta refeição, a Nestle lançou a pesquisa “Café da Manhã é + do que você imagina”. No site, é possível encontrar os alimentos normalmente consumidos pelos brasileiros no desjejum, fazer combinações e verificar o valor energético de cada uma.

São madrinhas da campanha as atrizes Maria Paula, Malu Mader, Julia Lemmertz e Nívea Stelmann. Na coletiva de imprensa, Maria Paula diz que só começou a tomar café da manhã depois que as crianças nasceram (ela é mãe de um casal).

“Antes só tinha apetite no jantar e logo que engravidei fui orientada por nutricionista e pediatra que o café era a refeição principal. Mudei radicalmente”. Já Júlia diz que começou o processo de aderir a uma dieta saudável quando engravidou a primeira vez. Hoje investe no café da manhã mesmo às 5h50 da manhã, hora em que desperta o filho Miguel. Malu Mader, por sua vez, foi ré confessa.

“Acho que ainda sou um mau exemplo no quesito café da manhã. Sempre correndo, meus filhos sem apetite tão cedo…. Mas participar desta campanha me trouxe consciência. Hoje mesmo já liguei para o Tony (Belloto, o músico do Titãs e marido de Malu) dizendo que a partir de agora vamos investir no café da manhã.”