Rodoviário foi liberado e responderá por homicídio culposo – quando não há intenção de matar

O coice de um cavalo arremessou, no início da tarde de ontem, o estudante  Lucas Sampaio Silva, 11 anos, na pista da Estrada Velha do Aeroporto. No momento, passava pela rua, em direção à Estação Pirajá, o ônibus da empresa Vitral, vindo dos bairros de Fazenda Grande 2 e 3, conduzido pelo rodoviário José Carlos Pascoelho Silva, 45.

Lucas tinha 11 anos (Foto: Reprodução)

A cena que segue é considerada pelo rodoviário e pelos familiares de Lucas como uma triste fatalidade. “Eu só vi o menino voando. Na hora, desviei, atravessei a pista. Aí, já estava com o carro em cima do muro do colégio (Municipal Claudio Veigas). Tinha que desviar. Nisso, a roda traseira pegou o garoto”, narra o motorista.

O pneu atingiu a cabeça do garoto, que morreu no local. Segundo testemunhas, na hora que foi acertado pelo cavalo, Lucas açoitava o animal, na calçada, enquanto outro amigo puxava pela rédea. Moradores da Fazenda Grande 3, os parentes de Lucas ainda não sabem o que ele fazia no local. “Ele foi para a escola, mas dizem que não teve aula. Ele só ficava e brincava aqui pela quadra da Fazenda Grande. Não sabemos o que ele estava fazendo lá, longe, nem de quem é esse cavalo”, conta José Ademar dos Santos, 34, tio do menino.

Após o acidente, os cerca de 30 passageiros do ônibus desceram e constataram a tragédia, quando moradores da Estrada Velha, segundo o rodoviário, apareceram com pedras e pedaços de madeira. Com medo de linchamento, ele partiu do local em direção à 12ª Delegacia (Itapuã).

Ademar também é rodoviário e diz acreditar que tudo não passou de um acidente. “Eu não vi, mas uns dizem que ele (José Carlos) dava para desviar, outros não. Eu sei que é um caso que ninguém queria matar ninguém”, opina. Apesar da serenidade, José Carlos diz que sente a morte do adolescente. “Mas tenho a consciência tranquila”, conta.

Tia chora ao ver corpo de Lucas, 11 anos, após ser atingido por um ônibus (Foto: Almiro Lopes)

Com 15 anos de profissão, relata que essa é a primeira vez que se envolve em um acidente com morte. O caso foi registrado como homicídio culposo – quando não há a intenção de matar – por atropelamento. “Até a próxima semana, ouvirei todas as testemunhas, que até aqui têm versões iguais e  aguardaremos os laudos para determinar se o motorista será ou não indiciado”, explica a delegada Marialda dos Santos.

O rodoviário foi liberado. Lucas era um dos filhos gêmeos da autônoma Jamile Santos, criado pela mãe e pela avó. O enterro dele acontece hoje, às 16h, no Cemitério Bosque da Paz.