Reportagem da semana – Funcionários contratados pela Prefeitura de Itapetinga, que vinham trabalhando nos vários setores da atual administração pública municipal, não receberam o pagamento do salário referente ao mês de novembro e ainda tiveram seus contratos rescindidos sob alegação de quê o prefeito precisa arrumar a casa.
Segundo informações colhidas pelo Tribuna, muitos funcionários contratados somente ficaram sabendo da rescisão do contrato porquê se dirigiram até à agência bancária e não encontraram seus vencimentos depositados nas contas bancárias, pois o prefeito José Carlos Moura não teria autorizado o pagamento referente ao mês de outubro. Recorreram a Secretaria de Administração e receberam a comunicação de que o salário do mês não seria pago, pois a Prefeitura não dispõe de recursos.
Segundo um funcionário contratado dispensado que pediu para não ser identificado a fim de não sofrer represálias, disse que muitos pais de famílias estão sem seu emprego e sem saber o que fazer para sustentá-las. “Quanta falta de respeito para nós pais de famílias. Tivemos o contrato cancelado e não recebemos os meses que trabalhamos”, desabafou.
O reflexo
A situação da Prefeitura Municipal vem colocando em cheque a gestão do prefeito petista. E, ao que parece, a crise não tem fim. Acusada de ter contratado sem concurso público cerca de mil servidores, agora a administração local optou pela demissão de centenas dessas pessoas assim que passou o processo eleitoral, criando uma grande insatisfação entre os dispensados. Para piorar a situação, tem muitos funcionários que não recebem salário há dois meses. As consequências desse descontrole administrativo, que culminou com as demissões, não somente afetam as famílias envolvidas como também a economia local, em razão da inadimplência por conta do atraso salarial. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Informações dão conta de que motoristas de veículos locados e fornecedores também estão sem receber. Até órgãos públicos importantes da administração já aderiram a crise, segundo fonte. Fala-se inclusive que até secretários do primeiro escalão, estão com meses de atrasos em seus vencimentos. Esses problemas ganharam as ruas de uma hora para outra, diante da crise que a Prefeitura de Itapetinga demonstra está mergulhada, atribuída a falta de planejamento da administração, que vem se caracterizando pela desorganização e descontrole com os gastos públicos.

Leitor faz a pauta

Recentemente, recebemos em nossas páginas o seguinte comentário: “Enquanto o povo de Itapetinga não acordar a cidade vai continuar desse jeito…a cidade de fato só tá bem pra quem tá lá dentro mamando nas tetas da Prefeitura, alguns até ganhando altos salários só esquentando as cadeiras por trás das mesas sem fazer absolutamente nada…isso fora os puxas sacos que se vendem…eu não voto aqui, mas nas próximas eleições votarei, e ao contrário de muitos nessa cidade, eu não me iludo por uma praça bonita, enquanto o hospital tá jogado…não me iludo com asfalto, enquanto muitos tem que pisar na lama pra enriquecer muitos desses comerciantes exploradores que não respeitam o direito do trabalhador e ninguém fiscaliza isso…eu não me iludo com festas vendo que trabalhadores contratados não recebem em dia seus salários e Itapetinga tem que acordar pra isso e muito mais, chega de promessas vazias…” Texto enviado no último dia 24/11/2014. Com as demissões, a popularidade do prefeito interino que já não era boa, vem despencando ladeira abaixo.
Por quê o dinheiro sumiu?

Mesmo encurralado pelos vereadores que fazem oposição na atual legislatura que querem saber aonde o dinheiro da municipalidade vem sendo aplicado, o prefeito municipal, o secretário de Fazenda Ricardo Dutra e o de Administração Carlos Alberto, preferem fazer silêncio e não traz ao povo e nem mesmo aos demitidos uma justificativa. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece que o gasto com pessoal não pode exceder 54% da receita corrente líquida nos municípios. Há informação de que em Itapetinga já ultrapassava 64%. Engana-se quem pensa que os números estão altos devido o quadro de funcionários, mas sim, devido as quantidade de CETES e RTI que são pagos as pessoas que ocupam cargos nomeados e comissionados. Em visita ao Tribunal de Contas dos Municípios, os vereadores Renan Coelho (PCdoB) e Tarugão (PRP), constataram que existem comissionados recebendo três vezes mais que um contratado.

O Tribuna de Itapetinga recebeu várias denúncias sobre o caso, da mesma forma que ouviu reclamações de pessoas demitidas que ficaram sem receber o último mês de serviço prestado. “O prefeito nos usou para fazer a campanha de seu candidato e agora não quer nos pagar. Aliás, isso é uma das suas virtudes, pela segunda vez ocupa o cargo de prefeito e não respeita a população local. A gente quer saber aonde está sendo aplicado o dinheiro do Fundo de Participação dos Municípios”, declarou um dos ex-funcionários.
Contradição
Na mesma semana que o prefeito inicia as demissões, uma publicação no Diário Oficial da Prefeitura trouxe a informação de que a Prefeitura havia contratado uma empresa de Itambé para reformar três PSFs no município pelo valor de R$ 2 milhões. Então, fica a dúvida! Crise ou Fraude?

Por Cesar Soares