É comum os pais vitimizarem a criança para justificar a onipresença dela na vida do casal. Saiba o que fazer para não deixar isso acontecer e manter um relacionamento saudável

“Os pais precisam ter momentos de família e momentos de casal. A criança não precisa participar de absolutamente tudo. Isso não significa menos amor pelos filhos”. Essa é a opinião da psicóloga e sexóloga Maria Claudia Lordello.

Ela explica que a convivência em família é fundamental, mas também defende que isso não pode causar o distanciamento do casal. E cabe aos pais tomar as rédeas do relacionamento e evitar que a criança atrapalhe a união.

A psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa concorda sobre o papel fundamental que os adultos desempenham no núcleo familiar. “Acredito que quando uma criança se intromete no relacionamento dos pais, ela o faz de maneira intencional, mas sem a consciência do que a leva a agir dessa maneira. Ela também não sabe que isso pode prejudicar a família. Quem tem que cuidar para que esse atrito não aconteça são os adultos”, afirma.

>> Veja sete atitudes das crianças que podem prejudicar o relacionamento do casal e aprenda a colocar limites para que isso não aconteça:

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Algumas crianças interrompem insistentemente os pais que conversam. Explique que cada um tem sua vez de falar e que a criança deve esperar a dela. Foto: Thinkstock/Getty Images
Pai e mãe sentam no sofá e a criança tem que sentar no meio: momentos em família são maravilhosos, mas não precisa ser todo dia e toda hora assim. Vez ou outra, o filho pode ficar ao lado, sem culpa. Foto: Thinkstock/Getty Images
Pai e mãe demonstram carinho entre si com beijos e abraços e a criança faz birra e tenta separá-los: os adultos devem desencorajar essa atitude. O afeto do casal é fundamental e deve ser preservado. Foto: Thinkstock/Getty Images
Algumas crianças, normalmente mais velhas, podem ‘boicotar’ um jantar dos pais se recusando a ficar com outro cuidador ou simplesmente fazendo birra. Observe se é frequente e explique que as crianças têm seus passeios e os pais também. Foto: Thinkstock/Getty Images
Quando a criança entra frequentemente no quarto do casal, sem bater, por exemplo, é hora de conversar. Ela precisa entender o conceito de privacidade desde cedo. Foto: Thinkstock/Getty Images
Andar de mãos dadas é um gesto de intimidade. Se o filho não respeita, explique que o casal gosta de caminhar assim e que também quer dar as mãos para a criança, mas isso não significa a separação dos adultos. Ela pode ficar ao lado. Foto: Thinkstock/Getty Images
Quando a criança não quer dormir no próprio quarto pode ser um problema para casais que precisam dessa proximidade diária. “Esse espaço deve ser do casal. Cada um tem seu lugar na família”, defende Ana Canosa.

Para Ana, é essencial que os limites do relacionamento sejam respeitados desde muito cedo: “Muitas crianças ficam interrompendo conversas dos pais, por exemplo. Não deixe isso acontecer. Explique que você vai falar com ela depois de terminar a conversa atual, mesmo que isso cause situações embaraçosas em público. Mais vale passar vergonha do que deixar o limite passar”.

 “Coitadinha”

É bastante comum os pais vitimizarem as crianças para justificar a onipresença do filho na vida do casal. Mas muitos não entendem que não é apenas o relacionamento que sai prejudicado com essa atitude.

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“Algumas pessoas justificam a falta de tempo a sós do casal com a noção de que a criança é uma ‘coitadinha’ e vai ficar sozinha. Isso não é verdade. O filho tem que aprender hábitos de individualidade. Para os pais, parece que se distanciar é um ato de desamor. Mas é preciso repensar essa postura porque é fundamental que cada ser humano tenha seu espaço. Individualidade é essencial e traz inúmeros benefícios em longo prazo”, explica Maria Claudia.

Ela reforça que esse tipo de rotina em que a criança está sempre presente pode causar prejuízos afetivos e sexuais para o casal. A perda da vivência a dois pode ‘esfriar’ o relacionamento. A sugestão é preservar a sexualidade e reservar momentos mais estimulantes a dois.

“Sair para jantar, namorar, criar um clima. Tudo isso faz um bem enorme. E todos se beneficiam, inclusive os filhos que crescem com pais felizes e que se dão bem”, defende Maria Claudia. Ela completa: “Coloque limites e entenda que seu filho não precisa participar de tudo na sua vida e na do seu companheiro. Não precisa ter dó ou sentir culpa”.