“Felizes Para Sempre?” expõe tabus, dramas e fantasias dos casais
Desejos, distanciamento, tesão, raiva, mentiras, traições, fetiches, dissimulações, diferença de idade, impotência e fantasias…
Série da Globo retrata com realismo o que acontece dentro dos quartos dos casais.
Série trata com propriedade o cotidiano dos relacionamentos afetivos, gerando identificação com a vida real; sexóloga Maria Claudia Lordello comenta temas apresentados por atração
É difícil um casal assistir à série “Felizes Para Sempre?” e não se identificar com alguma das inúmeras questões que envolvem os cinco pares da trama. Desejos, distanciamento, tesão, raiva, mentiras, traições, fetiches, dissimulações, diferença de idade, impotência e fantasias. Todos estes temas estão lá na atração de fim de noite da Globo, escrita por Euclydes Marinho e dirigida por Fernando Meirelles . A dupla de criadores abre a porta do quarto e faz um verdadeiro inventário da vida a dois.
“A série é bem realista, mostra um cotidiano dos casais quase sempre escondido pelas produções da TV e do cinema. Ela quebra com uma idealização da vida a dois que as novelas e as comédias românticas exibem”, avalia a sexóloga e psicóloga Maria Claudia Lordello, que comentou a produção global a pedido do Delas.
Buraco da fechadura: ‘Felizes Para Sempre’ retrata com realismo o que acontece dentro dos quartos dos casais . Foto: Reprodução
Uma das cenas mais impactantes da primeira semana da série foi a do casal Marília (Maria Fernanda Cândido) e Cláudio (Enrique Díaz), que contratou a prostituta Danny Bond (Paolla Oliveira) para fazer um ménage à trois e esquentar a relação. “Nós vivemos um momento de transição na sexualidade, que caminha para uma flexibilização do modelo de exclusividade. Cada vez mais as pessoas vão buscar alternativas de prazer, quebrando tabus”, aponta Maria Claudia, ressaltando que os dois parceiros têm que concordar com a fantasia.
Na cena, Marília acabou desistindo de continuar o sexo a três, dizendo que a prática era demais para ela. “Numa relação, cada parceiro tem os seus limites, que vão sendo testados ao longo do tempo. Você pode até achar que vai gostar de uma fantasia e na hora a experiência não ser tão prazerosa”, analisa a psicóloga.
PODER É AFRODISÍACO
O personagem Claudio também exemplifica outro aspecto em relação à sexualidade. Influente magnata dono de uma construtora, ele usa o seu status social como fator de sedução na relação com Danny. A prostituta, cujo nome verdadeiro é Denise, se encanta com a posição dele. “O poder é uma elemento de sedução, com grande apelo erótico para muitas pessoas”, afirma a psicóloga.
Por outro lado, Cláudio não exibe a mesma liberdade sexual com a mulher. Além de um comportamento machista, o magnata parece separar a sexualidade do afeto, segundo Maria Claudia. “Algumas pessoas não conseguem associar o sexo mais carnal com o amor. Para elas, são duas coisas que andam separadas.”
SEGREDOS E DISSIMULAÇÕES
Em seu realismo, “Felizes Para Sempre?” desmistifica a idealização de que os parceiros não terão segredos um para o outro. “Um casal é formado por duas pessoas independentes que não viram uma só quando se juntam. Cada um tem a sua individualidade, com necessidades e desejos próprios. E eles nem sempre vão contar tudo um para outro e isso não é necessariamente um problema”, avalia Maria Claudia.
Obviamente, os segredos também podem causar grandes problemas no futuro de um casal. Esse é o horizonte que parece se desenhar para as namoradas Denise (Paolla Oliveira) e Daniela (Marta Nowill). A personagem de Paolla omite da parceira a sua vida como prostituta de luxo Danny Bond. “Quem esconde algo assim, tira o direito de escolha do outro. A negação desse direito é algo difícil de ser perdoado”, explica a psicóloga.
AgNews
As atrizes de ‘Felizes Para Sempre?’ interpretam mulheres em diferentes fases da vida afetiva e sexual feminina