Mal silencioso, o distanciamento emocional e físico pode acabar com o relacionamento do casal. Confira as técnicas para evitar que isso aconteça
Quem não conhece alguém que levou um susto quando o parceiro ou a parceira decidiu botar um ponto final na relação? Afinal, muita gente acha que está sempre tudo bem. É claro que com o tempo a paixão amadurece, vira amor e é natural a gente não ter mais a necessidade de ficar grudado um no outro 24 horas por dia! Essa oxigenada é saudável, dá espaço para respirar. “Todos os relacionamentos passam por mudanças, alguns sentimentos se tornam menos intensos e até diferentes. Isso é natural depois de alguns anos de convivência”, observa a psicóloga Liliana Seger, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Mas é preciso estar atenta aos sinais que apontam o distanciamento do casal. Como reconhecê-los e combatê-los a seguir.
SINAL AMARELO
O alerta só acende quando as insatisfações começam a se instalar. De acordo com John Gottman, que desde 1986 estuda o casamento no Laboratório de Pesquisa da Família, do Departamento de Psicologia da Universidade de Washington (EUA), os descontentamentos costumam ser o primeiro sinal do distanciamento. Esse aviso não tem endereço certo dentro da relação, mas muitas vezes começa pelo sexo, que também passa por diferentes fases — ora com fogo alto, ora baixo. Mas quase sempre pequenas insatisfações geram comparações que comprometem a relação se não mantivermos os pés no chão. “Novelas e filmes, nos quais os pares estão apaixonados e cheios de desejo, fazem com que as pessoas passem a olhar a própria vida como pouco vibrante”, explica Liliana. “E assim começam as comparações: ‘ela não me elogia sempre’, ‘ele não me deseja mais’… As pessoas querem uma vida perfeita e isso não existe”, completa. Nos casais em que a sexualidade está um pouco comprometida fica mais fácil invejar a grama do vizinho. “Mas considere: há casais que saem de mãos dadas, dão selinhos em público e, assim que chegam em casa, vai cada um para um canto e com zero de sexualidade”, ressalta a especialista.
SINAL VERMELHO
Em vez de prestar atenção em modelos de amor que não passam de fantasia, aposte no grande antídoto para evitar o mal do distanciamento: atenção e zelo. Sim, é preciso cuidar do relacionamento todos os dias, com atitudes de carinho, gentileza, compreensão, paixão… Importante também observar quando a distância está se formando entre o casal, para diminuí-la antes de virar um abismo. Como perceber? Identifique se um ou mais dos comportamentos a seguir são comuns:
– Não perceber atrasos nos horários ou mudanças de rotina do parceiro (a).
– Não ter muitos assuntos, e sim silêncios enormes.
– Perder a paciência com coisas que antes não incomodavam.
– Ficar imaginando como seria a sua vida seria se…
– Ter apenas atividades individuais.
– Diminuir as preocupações com as questões do outro.
– Estar com dúvidas a respeito dos seus sentimentos e também do que o parceiro sente por você.
– Vontade de se envolver com outro.
– Viajar e não sentir a menor saudade.
Ops, reconheceu algum item descrito? É hora de agir – veja como no quadro ao lado! Mas antes é necessário saber se ambos querem permanecer juntos. A resposta é positiva? Então, tenham uma conversa franca para descobrir o que estava ocorrendo quando perceberam o início do distanciamento.
PERTO DO SEU AMOR
Cada um deve escrever em quais situações se sentiu isolado. Depois, avaliem os fatos. Cada um tem o direito de explicá-las. Por fim, adote como rotina comportamentos que aproximam:
1 Expresse o que pensa e sente, sem brigas ou ironias. Tão nocivo quanto engolir os próprios sentimentos é expressá-los por meio de discussões ou sarcasmo.
2 Fale e aja pensando no outro. Leve em conta como vai impactar o seu par com o que diz. Assim, evitará magoar sem necessidade.
3 Confie no parceiro. Mais do que a ameaça de traição, as desconfianças e o ciúme excessivo são desgastantes.
4 Considere os desejos e as necessidades dele. Assim como valoriza os seus. Isso reforça o prazer e preserva a união.
5 Respeite as fraquezas do outro. Se for algo que ele pode melhorar, ajude-o. Palavras sinceras de estímulo fazem mais efeito do que críticas.
6 Não reviva o passado. Remoer mágoas antigas é mantê-las vivas. Se for possível, perdoe e se perdoe.
7 Pergunte em vez de acusar. E peça antes de cobrar. Com atitudes cordiais, você não será vista como autoritária.
8 Controle a imaginação negativa. Relembrar cada situação para encontrar respostas e ligação entre os comportamentos do outro aumenta as implicâncias.
9 Questione-se! Como me sinto ao lado dele? Como ele se sente perto de mim? Amamos as pessoas que nos fazem bem, aquelas que trazem à tona o nosso melhor.