gado de corteA demanda internacional por carne bovina do Brasil e a menor oferta de animais no País devem manter firmes os preços da arroba em 2015

A demanda internacional por carne bovina do Brasil e a menor oferta de animais no País devem manter firmes os preços da arroba em 2015 e 2016, apesar da desaceleração do consumo interno, afirma o banco Credit Suisse em relatório sobre o setor de proteína animal.

A instituição financeira espera que as cotações comecem a subir já no segundo semestre de 2015, período da entressafra, e atinjam o valor nominal de R$ 165 no ano que vem.

Em suas estimativas, o banco parte do pressuposto de que o ciclo pecuário só indicará maior disponibilidade de bois para o abate dentro dos próximos dois ou três anos.

O movimento de retenção de matrizes observado nos últimos meses deve fazer a oferta de bezerros aumentar entre 2016 e 2017, pressionando o mercado da cria. Somente quando esses animais forem terminados os abates devem voltar a aumentar substancialmente. “Não vemos, do ponto de vista da oferta, nenhum risco de redução nos preços do gado no futuro próximo”, indica Viccenzo Paternostro, analista do banco, no documento.

Diante deste cenário, o Credit Suisse trabalha com o preço de R$ 150/arroba em 2018, considerando o câmbio a R$ 3,40 por dólar no longo prazo. No entanto, o especialista afirma que novas desvalorizações da moeda brasileira podem alterar os preços, já que tendem a incentivar as exportações e, portanto, afetam a demanda por bois.

Os preços da carne bovina no atacado devem seguir trajetória similar, já que estão diretamente relacionados com os da arroba. O Credit Suisse ressalta que os fundamentos de longo prazo para este mercado devem continuar a apoiar o crescimento do consumo doméstico. No entanto, “a inflação elevada, a menor confiança dos consumidores e o desemprego em alta devem certamente afetar a demanda no curto prazo”, afirma Paternostro.

Desse modo, frigoríficos terão de compensar margens estreitas no Brasil com maior lucratividade em suas vendas externas. Já a indústria sem acesso ao mercado externo deve enfrentar dificuldades financeiras, “potencialmente acionando novas consolidações no curto prazo”.

Paternostro espera que as margens permaneçam próximas aos níveis atuais, mas afirma que o capital de giro será um risco para o fluxo de caixa.