:: set/2015
Governo já cortou quase 800 mil famílias do Bolsa-Família
Primeiro, chega a “cartinha”. Com carimbo do Ministério do Desenvolvimento Social, ela pede ao beneficiário do Bolsa Família que se apresente na prefeitura da cidade para agendar a visita de um assistente social à sua casa. A partir desse momento, o dinheiro do programa já para de entrar na conta da família.
Semanas depois, o assistente social toca a campainha. Prancheta, caneta e almofadinha de carimbo na mão (para os casos em que o beneficiado não sabe escrever), ele faz perguntas sobre cada morador da casa: quem estuda, quem trabalha, quanto ganha. Caso note a presença de uma moto, de uma TV de LED ou de qualquer elemento que destoe do cenário de pobreza obrigatório, indaga quando a família adquiriu o bem e com que recursos. Encerrada a entrevista, pede ao beneficiário que assine o formulário preenchido e encaminha o papel à prefeitura. Feito isso, o resultado é quase sempre o mesmo: adeus, Bolsa Família.
Itatinga é único bairro planejado para prostituição no país, diz pesquisadora
Uma placa que quase passa despercebida de quem dirige pela Rodovia Santos Dumont, na entrada de Campinas (SP), indica um dos locais mais “emblemáticos” do município: o Jardim Itatinga. O bairro, atualmente uma das maiores áreas de prostituição da América Latina, foi criado pelo poder público há 48 anos, em plena ditadura militar, para isolar as profissionais do sexo dos moradores para não “ameaçar a ordem” na cidade.
De acordo com a arquiteta, urbanista e professora Diana Helene, que estudou o bairro em sua tese de doutorado intitulada “Preta, pobre e Puta: a segregação urbana da prostituição em Campinas”, o diferencial do local é ter sido criado exclusivamente para concentrar, numa área distante da cidade, todas as atividades ligadas à prostituição.
“No Brasil não existem outros bairros criados do zero pelo planejamento urbano para esse fim, mas existem alguns em outros lugares do mundo, como o bairro planejado de prostituição no Marrocos, o “quartier reservé” de Bousbir, em Casablanca”, ressalta.