A roça de palma foi plantada exclusivamente para o pastejo do gado. O projeto é uma alternativa para o período de seca e é mais econômico produtor.
Foto: Reprodução Globo Rural (TV GLOBO)
A palma é a salvação para muitos criadores do Nordeste em época de seca. Ela suporta bem a falta de água e, depois de picada, serve de alternativa de comida para o gado. No sudoeste da Bahia, um grupo de criadores oferece a palma aos animais de um jeito diferente do tradicional, diretamente na lavoura. Assista a reportagem completa:
Uma plantação de palma que ocupa dois hectares de uma fazenda em Itapetinga, no sul da Bahia. Cenário pouco comum na região. A palma, alimento para o gado típico de áreas de sertão, começa a ganhar espaço numa região que tradicionalmente não enfrenta longos períodos de estiagem. Mas 2016 está fechando com umas piores secas da história no sudoeste da Bahia.
Para incentivar os criadores a buscar uma alternativa de comida para os animais, o zootecnista e produtor de leite, Luciano Almeida, fez na sua fazenda um projeto experimental para o cultivo da palma. Luciano é instrutor do Senar, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, e também dá assistência a cooperativa da região. “A gente vem difundindo de uns oito, dez anos para cá. Aí hoje já tem muita propriedade, não com áreas grandes de palma, com o plantio pequeno, mas já em forma de ampliação”, fala o zootecnista.
Zootecnista e produtor de leite, Luciano Almeida
Só que o projeto que ele está implantando agora não é o método convencional de produção. No plantio tradicional, o produtor vai até a roça corta a palma, às vezes tritura, e leva para os animais no cocho. Isso dá trabalho, exige mão-de-obra. Já nesse sistema o cultivo é todo planejado para que o gado vá até a lavoura para se alimentar. O gado não come livremente. O pastejo é rotacionado. Assim como é comum em pastagens, os animais ficam um tempo se alimentando numa área, e depois vão mudando de lugar.
“A ideia de implantar esse sistema foi nossa por necessidade, por uma dificuldade de mão-de-obra, a gente precisou colocar o gado para pastar numa área antiga de Palma, colocando o gado numa roça de palma, mas não pastejo contínuo que estraga demais a palma, e desperdiça bastante alimento porque o que cai o gado não consome praticamente. A gente fez o primeiro teste por necessidade, gostou da economia que teve e desenvolveu esse sistema para poder usufruir do consumo direto, onde os animais vêm na área e consomem e depois eles só retornam quando a palma voltar a se desenvolver”, explica Luciano Almeida. O projeto foi pensado especialmente para o gado de leite, um rebanho acostumado com o manejo diário de se deslocar do campo para a ordenha, o que facilita o trabalho dos tratadores.
Para o sistema funcionar, algumas exigências são diferentes do plantio de palma convencional para corte. A começar pelo tipo de planta. “A única palma que se enquadra para o sistema de pastejo é a palma miúda ou doce porque ela é uma palma que a raquete dela é uma raquete menor, então isso facilita o animal comer, outra facilidade que ela tem é que ela só está fácil do pé. Então ela tem essas características que facilitam o consumo, características de tamanho e forma de soltar, se for uma palma muito grande ela é mais firme no pé e a vaca tem que quebrar muito para consumir em pedaços”, conta o zootecnista.
Já no plantio, enquanto no sistema de corte a palma é cultivada em fileira simples, uma perto da outra, no novo método, a fileira é dupla, e a distância entre as linhas é maior. É preciso deixar espaço para que o gado circule pelas ruas, sem pisotear a palma. “A produtividade por área é menor, por área plantada não, mas por área total sim, aí eu tenho que ter o dobro da área. Para se ter uma ideia, no plantio para corte, a gente planta aproximadamente 66.000 plantas em 1 hectare, nesse plantio aqui a gente tem 44.000 plantas”.
Entre uma fileira e outra, o recomendado são quatro metros e meio de largura, distância que vai diminuindo na medida em que a palma se desenvolve. Luciano sugere que se plante o capim, mas uma variedade que não cresça muito para que ele não ocupe o espaço da palma. É uma forma de proteger o solo e proporcionar mais um alimento quando o gado.
Em uma rua, os animais ficaram durante dois dias comendo de um lado da fileira. Agora já é o segundo dia que eles estão se alimentando do outro lado. O ideal é que o tempo de espera seja de um ano entre um pastejo e outro na mesma área. Para delimitar a área liberada para o pastejo, usa-se uma cerca elétrica. Ela é móvel e vai sendo mudada de lugar.
“Se a gente deixar elas consumido no primeiro dia, elas vão deixar muita raquete no chão no segundo dia elas comem as raquetes no chão, chega a ter mais de 80% de eficiência do pastejo”, fala Luciano. Além do Luciano, outros três criadores da região já estão cultivando a palma para o gado comer diretamente na roça. Uma das fazendas é esta, no município de Nova Canaã. O dono da fazenda aproveitou uma área que já existia de pastagem rotacionada e plantou junto a palma. Nos períodos de seca, além da palma, é importante também que o criador ofereça aos animais outro tipo de volumoso e um concentrado para enriquecer a ração. Informações do G1 Globo Rural