000O vendedor ambulante Ednaldo dos Reis Mercês, o Batoré, 30 anos, assumiu, nesta terça-feira (9), que matou duas pessoas na passarela que liga o Shopping da Bahia à rodoviária, na região do Iguatemi, em Salvador. “Matei os dois. Ela eu botei pra sentar no colo do capeta. Faria tudo de novo”, afirmou o acusado, durante entrevista coletiva na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), referindo-se à Lucigleide Maciel de Jesus, 48, que foi morta a golpes de facão na sexta-feira (5).

O motivo do crime, segundo ele, seria o suposto envolvimento de Lucigleide na morte de dois irmãos dele. À imprensa, Ednaldo contou que a mulher teria cometido o duplo homicídio a mando do traficante Coe, apontado pela polícia como ex-líder do tráfico de drogas na Saramandaia. “Eu matei ela e mataria de novo porque ela não pensou nos meus irmãos e na minha família. Não me arrependo de nada”, justificou Batoré, aos risos. Ele disse que encontrou a mulher, por acaso, andando pela passarela e resolveu atacar a vítima. “Vi que ela estava sozinha, peguei o facão que sempre deixo comigo, e dei três ou quatro ‘facãozadas’ na cabeça dela”, relatou.

Dois dias antes da mulher ser assassinada, na quarta-feira (3), um homem foi morto a pauladas na mesma passarela. Batoré, que tem a palavra “paz” desenhada no cabelo, afirmou que matou porque, segundo ele, a vítima estava cometendo roubos na região. Titular da 2ª Delegacia de Homicídios, o delegado Guilherme Machado explicou que as possibilidades estão sendo investigadas.

“Não existe um ladrão querer dar uma de justiceiro da sociedade. Essa justificativa não convenceu a polícia. Quanto à morte de Lucigleide, as investigações já atestam que ela, de fato, era envolvida com o tráfico de drogas”, salientou o delegado, que também irá apurar a suposta participação da mulher no desaparecimento dos irmão de Batoré. Conforme o preso, a vítima era conhecida como Tia Gleide e vendia crack na rodoviária.

Durante a apresentação, Ednaldo não demonstrou arrependimento pelas mortes. À imprensa, afirmou que não é traficante e que trabalhava há mais de 20 anos no camelódromo do Iguatemi vendendo carregadores para celulares e outros utensílios. Questionado quanto à brutalidade dos homicídios, ele riu e disse que não planejou nada. “Não teve covardia, peguei eles de frente. Covardia seria se eu pegasse de costas”, completou, acrescentando que chegou a ser ameaçado por Lucigleide.

Para o delegado, os dois crimes podem ter relação com o tráfico de drogas. “Embora ele afirme que não premeditou, os indícios dão a entender que houve, sim, um planejamento, visto que ele já tinha esse desejo. Há características de acerto de contas nos dois casos”, pontuou. “Um, por essa versão que ele conta sobre os irmãos, o outro, quem sabe pela vítima ter ido roubar na área dele”, completou. Correio