Deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) era até março assessor especial da Presidência

O dono da JBS Joesley Batista relatou à Procuradoria-Geral da República (PGR) em seu acordo de delação premiada que o presidente Michel Temer lhe indicou o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver uma pendência da multinacional no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Segundo informações do jornal O Globo, Joesley gravou de forma sigilosa uma conversa que teve com Temer no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu, sobre o assunto. No áudio, conforme a reportagem, Joesley aparece perguntando a Temer: “Posso falar tudo com ele [o deputado Loures]?”. O presidente, então, responde: “Tudo”.

Loures não é um deputado qualquer da Câmara. Até o início de março, ele era assessor especial da Presidência — antes, foi chefe de Relações Institucionais da Vice-presidência. Suplente de deputado, ele deixou o Planalto para assumir a cadeira do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que se licenciou para ser ministro da Justiça.

Após a indicação de Temer, Joesley procurou o deputado para lhe explicar a pendência que havia discutido com o presidente. Tratava-se de uma disputa entre a holding e a Petrobras no Cade sobre o preço do gás oferecido pela estatal à termelétrica EPE, situada em Cuiabá e adquirida pela JBS em 2015.

Pelo trabalho, o empresário teria oferecido uma propina que poderia chegar a mais de 400 milhões de reais ao longo de duas décadas. A primeira quantia, de 500.000 reais, teria sido entregue pelo executivo da JBS Ricardo Saud ao deputado em um endereço de São Paulo. Segundo o jornal, a Polícia Federal acompanhou a ação e filmou o deputado recebendo a mala.