Traficantes dão ordem para fechar terreiros na Baixada Fluminense
Os casos de intolerância religiosa têm aumentado no Rio de Janeiro e traficantes estão impedindo terreiros de umbanda e candomblé de funcionar. O último caso aconteceu na semana passada em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, quando um criminoso ordenou o fechamento de vários terreiros.
Relatos de testemunhas à polícia mostram que houve uma ação coordenada pra fechar terreiros na região, especialmente no Jardim Gramacho e arredores. Investigadores dizem que a Baixada concentra boa parte das ameaças registradas esse ano.
Uma outra pessoa diz que os barracões foram obrigados a fechar: “Está proibido. Não se toca mais o candomblé, não se toca mais a umbanda”.
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio divulgou o número de casos deste ano: são 20 em Duque de Caxias e 15 em Nova Iguaçu, na Baixada, 10 em São Gonçalo e 15 em Campos, no Norte do estado. Os outros 40 terreiros seriam no Rio, segundo estimativa da comissão.
Na Cidade do Rio, a comissão disse que a maior preocupação é com os terreiros localizados na Zona Norte, principalmente em Colégio e em Irajá, e com os terreiros na Zona Oeste em Inhoaíba, Santa Cruz, Cosmos e Senador Camará.
Diante do aumento dos casos de intolerância religiosa e de ameaças aos terreiros, o Ministério Público Federal em São João de Meriti, responsável por toda a Baixada, abriu um inquérito civil sobre o assunto.
“O Ministério Público pretende levar isso aos órgãos do Estado, ao governador, a presidência da Alerj, ao Ministério Público do Estado e garantir que esse caso seja realmente investigado”, disse Júlio Araújo, procurador da República.
Para a polícia, os casos ocorrem em áreas dominadas por uma mesma facção. As investigações são da Decradi, delegacia criada no ano passado para combater os crimes de intolerância.
O delegado confirma as investigações em Nova Iguaçu, mas diz que nenhuma das vítimas de Caxias foi até a delegacia para comunicar a onda de ameaças da semana passada.
Enquanto a polícia espera, as vítimas continuam cercadas pelo medo e pela violência.
“Não tem respeito por ninguém, não tem respeito por nada. A gente tem que acatar. Ou acata ou a gente morre”, disse uma das vítima.
RK