As restrições de circulação na Itália estão cada vez mais duras devido à crise gerada pelo coronavírus que já matou 366 pessoas. Na Bahia, já foram confirmados dois casos na cidade de Feira de Santana. Uma das pacientes, de 34 anos, foi infectada durante uma viagem ao país e permanece em quarentena domiciliar. Uma soteropolitana de prenome Indianara, que mora há 18 anos na Itália, sendo 10 em Veneza, relatou ao BNews que a orientação do governo italiano é de que todos permaneçam em quarentena dentro de suas casas, correndo o risco de serem multados em cerca de 300 euros (R$1.594,29) caso sejam pegos fora do ambiente domiciliar.

Transporte público fica vazio na cidade de Veneza

Apenas alguns profissionais estão aptos a irem ao trabalho, como médicos, bombeiros ou aqueles que prestam serviços ao transporte público, como é o caso da baiana. O estoque de alimentação já dá sinal de esgotamento e as filas são gigantescas.

A baiana ainda afirmou que a situação de racismo está cada vez mais aflorada, sobretudo com os asiáticos, que estão sendo evitados pelos italianos e, em alguns casos, espancados.

Mãe de baiana convive com máscaras temendo a infecção do vírus

A baiana afirma que tem vontade de voltar ao Brasil, mas pondera que, neste momento, seria arriscado demais pegar um voo de volta para casa, uma vez que ela não sabe se possui ou não o vírus. Por responsabilidade com os compatriotas, ela deve continuar em solo italiano ao lado da mãe, também baiana, até que tudo se resolva.

Confira relato na íntegra:

“As ruas estão paradas, como se fosse um ambiente de guerra, é rir pra não chorar, porque a situação está bastante crítica. Eu sei de pessoas mais próximas que tiveram parentes que acabaram morrendo infectados. Mais de 600 colegas de trabalho apresentaram atestados médicos para não irem ao serviço. A Itália toda agora está em quarentena, todo mundo dentro de casa. Vamos ver até quando vamos aguentar. O cenário é trágico, eu não sou uma pessoa que faz sensacionalismo, no começo eu falei: ‘parem, isso deve ser preguiça para não trabalhar. É só uma gripe’. Mas, agora, a situação está muito crítica. (…) As pessoas colocaram na cabeça que a culpa é dos chineses. Sinceramente, acho que isso não tem nada a ver. É uma completa ignorância. Tem casos de meninos chineses que foram agredidos por italianos e por outros estrangeiros por conta da nacionalidade. Muitos italianos, sobretudo aqueles mais antigos, querem ser atendidos primeiro nos hospitais, só por serem do país. Está escancarado o preconceito e o racismo na cara deles. Quando disseram que iriam fechar o Vêneto (região da Itália) e Milão, as pessoas subiam nos trens desesperadamente, pareciam que estavam fugindo de uma guerra”, relatou.