Rio – Moradores do Morro da Congonha, em Madureira, voltaram a fechar a Avenida Ministro Edgard Romero, na altura do Morro do Cajueiro, na Zona Norte, na tarde desta segunda-feira, logo após o sepultamento de Cláudia Ferreira da Silva, arrastada por uma viatura da Polícia Militar após ser baleada durante tiroteio na comunidade. A PM esteve no local e o clima era de tensão.
Traficantes no alto do Morro do Cajueiro estariam jogando bombas nos policiais que tentam dispersar os manifestantes que estão na via. Uma barricada também foi incendiada na Rua Leopoldino de Oliveira, um dos acessos à comunidade. A Av. Edgard Romero chegou a ficar fechada nos dois sentidos, mas voltou a ser liberada totalmente por volta das 19h.
Os manifestantes, cerca de 100, ocuparam a via no sentido Vaz Lobo e gritam palavras de ordem, entre elas “Ah, é assassino” e “Ô, ô, ô, mataram um morador”.
Uma operação de policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) no domingo pela manhã, no Morro da Congonha, terminou com a morte da auxiliar de serviços gerais. Após ser atingida, Cláudia foi arrastada pelos policiais em plena Estrada Intendente Magalhães, no momento em que era levada para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, o que causou revolta entre os moradores, que fecharam a Edgard Romero. Mais tarde, houve novo protesto e mais tiroteio: dois ônibus teriam sido incendiados, e a via foi interditada.
O marido de Cláudia Ferreira, Alexandre Fernandes da Silva, questionou a ação dos PMs quando tentavam socorrer a vítima.
“Foi um descaso que eles fizeram, jogaram ela que nem bicho dentro do carro e saíram. Eu não consigo entender o motivo deles tê-la levado pela Intendente Magalhães, se lá não é o caminho mais próximo para o Carlos Chagas (hospital em Marechal Hermes para onde Cláudia foi levada). Queremos que a justiça seja feita”, diz Alexandre.
“Nem com o pior traficante deve ser tratado assim. As pessoas a viram sendo carregada pelos PMs, agonizando”, afirma o marido de Cláudia, lembrando que o casal de filhos gêmeos completará dez anos no próximo domingo. “E esse é o presente que deram a eles (filhos)”.
Família processará o Estado
Irmão de Cláudia, Júlio César Silva Ferreira, 42 anos, garante que a família processará o Estado. “A família está toda desestruturada. Todo dia é isso que a gente vê, essa injustiça da PM matando inocente. Vamos processar a PM e quem mais tiver culpa. Porque senão, esse caso vai ser mais um Amarildo. Foi uma execução”, garante.
O porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa, também lamentou a ação dos PMs e garante que eles serão responsabilizados.
“Os policiais estão sendo autuados e vão responder por suas atitudes. No mínimo alguém deveria estar amparando a vítima no banco de trás”, afirma.