Azedou de vez a relação do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Marcelo Nilo, do PDT, e o governador da Bahia Jaques Wagner (PT). Depois da confirmação do deputado federal João Leão (PP), para compor a chapa majoritária governista no posto de vice, o pedetista resolveu externar a revolta.

Em entrevista na manhã desta quinta-feira (20), para o apresentador Adelson Carvalho, na Rádio Sociedade da Bahia, Marcelo Nilo afirmou que depois da decisão petista pensou em deixar a política. Visivelmente revoltado com a postura do ‘amigo’ Wagner o parlamentar desabafou: “Ele (João Leão) foi escolhido porque a lealdade perdeu para a chantagem”.

A afirmação tem como pano de fundo a ameaça que o PP teria feito ao PT para que os pepistas deixassem de apoiar o PSB do pré-candidato a Presidência da República Eduardo Campos, que na Bahia tem na senadora Lídice da Mata a representante da sigla.

Nilo voltou a reafirmar que o PDT é maior que o PP e cobrou justificativa plausível para o critério de escolha, já que em sua ótica todos os aliados, exceto o vice-governador e pré-candidato ao Senado pelo PSD, Otto Alencar, que confidenciou a preferência por Leão, estavam ao seu lado e torciam por sua escolha.

“Rui Costa disse no café da manhã que teve em minha casa que Otto acha Leão mais forte do que eu. Respeito. Mas eu perguntei no café da manhã que tive com Wagner quem mais achava Leão mais forte. Pedi para ele me contar, mas não teve resposta. O critério foi: o nome do candidato tem que começar com L e ser um bicho feroz (Leão)”, afirmou.

Consternado, o parlamentar disse que foi desconsiderado por quem foi fiel. Que comeu o que o diabo amassou e durante todo o processo não fez jogo sujo com ninguém. De acordo com o presidente, para provar a lealdade ele autorizou a entrada do exército e da Polícia Federal na Assembleia quando a Casa foi ocupada por militares na greve de 2012. Também autorizou a retirada dos professores durante a greve da categoria que durou mais de 100 dias. “Fiz tudo isso em lealdade a Wagner e ao projeto político que eu acreditava. Pago um preço caro por isso até hoje”.

Sobre a relação entre o escolhido João Leão e o pré-candidato Rui Costa, ele garante que no passado não era muito boa. “Ele (Leão) falou coisas sobre Rui que são impublicáveis. Só não falo isso aqui por respeito aos ouvintes da Rádio Sociedade. São palavras impublicáveis”.

Já quando o assunto é a amizade que nutri por Wagner – que batizou as filhas dele -, Nilo o chama de compadre e diz que espera que o afeto pessoal não seja abalado, mas garantiu que politicamente falando a consideração não será a mesma e que o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, está decepcionado e vem a Bahia na próxima semana para costurar com o presidente estadual, deputado Félix Mendonça Jr., os rumos da eleição.

Por fim, se mostrou decepcionado por ter tomado café da manhã com Wagner e ter escutado do governador que a decisão não estava tomada, e no mesmo o dia saber por meio da imprensa que o petista já tinha tomado a decisão e o nome, como previsto, foi o do pepista Leão.

“Me senti usado por quatro meses. Acho que fui desconsiderado como ser humano, como político, como deputado. Estou pasmo e surpreso. Não estou dizendo que vou mudar de lado, mas a relação nunca mais será a mesma”, disse ao afirmar que vai ser candidato a reeleição para o posto de deputado estadual e a decisão sobre quem vai apoiar só sairá depois da copa do Mundo de Futebol, em junho.