Presidente ucraniano diz que decisão leva em conta ‘ameaças à vida e à saúde’ dos soldados diante da ocupação russa na região

A Ucrânia retirou suas forças da Crimeia diante das ameaças e da pressão das Forças Armadas russas, disse o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, nesta segunda-feira (24).

AP

Oficiais da marinha ucraniana Anatoly Mozgovoi, centro, e Alexander Lantuh, falam em ‘pressionar’ base na cidade de Feodosia, Crimeia (23/03)

 

De acordo com Turchinov, falando ao Parlamento após tropas russas tomaram uma importante base naval em Feodosia, coroando uma tomada gradual de unidades militares ucranianas na península, a decisão levou em conta “as ameaças às vidas e à saúde de nosso pessoal” e de suas famílias.

“O Conselho de Defesa e Segurança Nacional instruiu o Ministério da Defesa a realocar as unidades militares na Crimeia e promover a evacuação de suas famílias”, disse ele.

As forças armadas da Rússia têm apreendido sistematicamente navios ucranianos e instalações militares na Criméia, incluindo a base naval ao leste da região de Feodosia, onde ao menos outros 80 foram detidos no local, de acordo com as autoridades ucranianas. Com a tomada de pelo menos três instalações militares nos últimos três dias, não estava claro quantos soldados ucranianos permaneciam na península.

A situação na Ucrânia domina a agenda do presidente dos EUA, Barack Obama, durante sua viagem internacional a Holanda, onde participará de uma cúpula sobre segurança nuclear. A cimeira deve ser o foco da visita de Obama, mas o evento agora será ofuscado pela reunião marcada às pressas entre o Grupo das Sete economias industrializadas que inclui, além dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão.

O governo interino em Kiev tem sido criticado por sua indecisão sobre as tropas ucranianas na Criméia. A Rússia completou a anexação da Criméia na semana passada, depois de suas tropas tomaram o controle sobre a província após a derrubada do governo pró-Rússia em Kiev, em fevereiro.

Moscou diz que a absorção da Criméia foi proferida legitimamente após referendo realizado no início deste mês em que a maior parte dos eleitores da península aprovou a mudança, mas o processo foi alvo de críticas pela comunidade internacional.

Sanções

Os EUA ordenaram suas primeiras sanções contra a Rússia após sua ocupação na Crimeia no início da semana passada. De acordo com Washington, 11 pessoas ‘envolvidas’ na disputa crimeia foram alvos das imposições. A Rússia enviou seus militares para a Península da Crimeia há quatro semanas e desde então formalmente anexou a importante região estratégica a suas fronteiras.

A UE, por sua vez, anunciou na última quinta (20) sanções contra mais 12 pessoas vinculadas à anexação do território antes da Ucrânia, elevando para 33 o número de indivíduos enfrentando sanções do bloco europeu. Na sexta-feira (21), a UE assinou um acordo para estreitar as relações com a Ucrânia, em uma mostra de apoio depois da anexação da Crimeia pela Rússia. O Acordo de Associação da UE tem o objetivo de dar apoio político e econômico à liderança interina da Ucrânia sob o comando do primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk.

Na quinta-feira, a Rússia retaliou rapidamente as sanções dos EUA impondo proibições de entrada a legisladores americanos e a autoridades da Casa Branca. Entre elas estão o líder da maioria do Senado, o democrata Harry Reid, e o presidente da Câmara, o republicano John Boehner. O conselheiro-sênior de Obama, Dan Pfeiffer, e seu vice-conselheiro de segurança nacional, Ben Rhodes, também foram atingidos pelas proibições de entrada na Rússia.

Os EUA declararam a incursão russa na Crimeia uma violação da lei internacional e não reconhecem a anexação da península. Apesar disso, nos bastidores autoridades americanas reconhecem que é improvável que a Rússia abra mão da Crimeia. Em vez disso, sua principal prioridade é evitar que a Rússia entre em outras áreas da Ucrânia.

*Com Reuters e AP