Charles Müller foi morto na noite de sexta-feira (28), em frente à residência universitária

O corpo do estudante Charles Müller Silva dos Santos, 21 anos, foi sepultado na manhã deste domingo (30), em Brumado, no sudoeste da Bahia. Familiares e amigos do jovem prestaram as últimas homenagens durante o velório realizado no Salão Paroquial da Igreja do Bom Jesus. O sepultado ocorreu no cemitério Jardim Santa Inês.

Charles era estudante de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ele foi morto por volta das 21h30 de sexta-feira (28), quando aguardava uma amiga em frente à Residência Universitária Frederico Perez Rodrigues Lima, na avenida Garibaldi, em Salvador.

José Milton, tio do jovem, afirmou ao site local Brumado Notícias que o sentimento do familiares é de muita dor e revolta. “Até quando vamos continuar deste jeito, vendo nossos jovens tendo suas vidas ceifadas por esses marginais que por coisas banais tiram toda a alegria das famílias? Queremos paz e justiça. Esperamos que a polícia e o estado deem logo uma resposta prendendo os autores desse crime para que seja feita a justiça do homem, pois a de Deus virá com certeza”, desabafou.

Segundo o site, no velório, o pai de Charles deu o último adeus ao filho debruçado no caixão. “Que Deus te conserve um bom lugar, meu filho, e que tenha paz em sua nova morada”, disse.

Estudante foi sepultado na cidade natal (Foto: Lay Amorim/Brumado Notícias)

De acordo com testemunhas, o estudante estava dentro do carro, um Celta prata, quando foi abordado por dois homens que chegaram de táxi. Charles foi atingido com um tiro na nuca quando tentou sair do seu veículo, que foi levado pelos ladrões.

A principal suspeita é que o crime tenha sido latrocínio (roubo seguido de morte). Os amigos de Charles, porém, não acreditam que ele tenha reagido ao assalto. “Eu estava chegando em casa, quando ouvi o tiro e vi uns amigos correndo. Quando cheguei, o corpo dele ainda estava no chão”, contou Leandro Luz, estudante de Direito e morador da residência, que aloja 196 estudantes.

Charles era estudante de Medicina Veterinária

O prédio tem câmeras de segurança que foram instaladas há cerca de três meses após protesto dos estudantes. O porteiro e os dois seguranças, entretanto, não souberam informar se as imagens já foram solicitadas pela universidade ou  polícia.  “Quem aqui nunca foi assaltado na Ufba?!”, indagou a representante da residência e estudante de Direito Leya Cabral.

Segundo relato dos estudantes, roubos são corriqueiros na rua. “Os furtos são quase diários e temos registros da presença de assaltantes dentro dos alojamentos. Tá todo mundo assustado”, afirmou Verena Martinez,  amiga de Charles.

O estudante, natural de Brumado, morava sozinho, em um condomínio na Garibaldi, e estava no último ano do curso. “É sangue de inocente que está sendo tirado aqui, todo dia, e ninguém faz nada. Foi ele, mas podia ter sido você, eu ou qualquer um”, lamentou o professor Maurício Costa.

Protesto
Sob gritos de “Eu já falei, vou repetir: eu quero segurança aqui”, um grupo de estudantes e professores da Ufba fechou três pistas da Avenida Anita Garibaldi, na manhã de sábado, em protesto pela morte do estudante.

A Polícia Militar informou que o protesto reuniu entre 250 a 300 pessoas. Antes de fecharem as pistas, sob reclamações de alguns motoristas, os estudantes e professores deram as mãos, em frente à residência, e rezaram um Pai-Nosso.

De posse de escritos contra a violência e pedindo por mais segurança e o fim da impunidade, o grupo ainda seguiu para a Av. Adhemar de Barros, em Ondina, até o Monumento das Gordinhas, e depois retornou à Garibaldi, estendendo as manifestações até o início da tarde, por volta das 13h. Policiais de motocicleta acompanharam o percurso junto com viaturas da  Transalvador.