Nocaute

Em empate técnico nos principais institutos de pesquisa, o que deve significar que está atrás em alguns pontos percentuais na prática, o PT está em pânico, desesperado, antecipando uma possível perda de todas as tetas estatais acumuladas para seus apaniguados. Diante disso, a presidente Dilma mostra o que tinha em mente quando disse que “faz-se o diabo” para vencer.

Em sua análise do debate do SBT, Merval Pereira constatou que a presidente realmente tentou golpear abaixo da linha da cintura, com golpes tão baixos que sequer seriam permitidos no MMA. Aécio soube se portar com dignidade e responder com firmeza, mas tranquilidade. Conclui o jornalista:

É claro a esta altura que a campanha, que tem tido um nível muito baixo, com acusações mútuas, não mudará de tom até as urnas a 26 de outubro. Os dois candidatos se encontram em empate técnico, e o PT demonstra, por gestos e atitudes, que não pretende abrir mão de seu projeto maior de poder assim facilmente. O desespero revelado pelo uso desmedido de ataques pessoais demonstra que a campana de Dilma tenta reverter uma derrota. Ontem, perdeu claramente a disputa. A seu desfavor, uma crise econômica que só faz se agravar, uma crise política que apenas começou, e que terá desdobramentos institucionais seriíssimos nos primeiros anos do futuro governo, e um governo precário, com resultados econômicos pífios.

Dilma agarra-se à única tábua de salvação, que é o nível baixo de desemprego, que desaparecerá brevemente com a continuidade da crise econômica. Se conseguir se reeleger em outubro, estará deixando para si uma herança maldita que fará com que os seus eleitores se decepcionem rapidamente do voto que deram.

Qualquer dos dois que se eleja, porém, terá que enfrentar uma crise econômica e política com um país literalmente dividido, especialmente depois de uma campanha devastadora como essa. Tarefa para quem tem capacidade de negociação e espírito público.

Esse, claramente, seria Aécio Neves, não Dilma. Outro jornalista do GLOBO, Ricardo Noblat, também fez uma análise bastante favorável a Aécio, redimindo-se de uma opinião bem equivocada, para mim, sobre o debate anterior, no qual achou que Dilma havia se saído melhor. Diz Noblat:

Aécio deixou de ser tucano. Na versão política, tucano é uma ave que, apesar do bico grande, bica com delicadeza. É capaz de perder a vida para não perder a elegância. Quem imaginou que Aécio, nesta quinta-feira, no debate do SBT, ofereceria a outra face para apanhar, enganou-se.

Marqueteiros dizem que o eleitor detesta ataques. Lorota. Detesta baixarias. Se alguém se rendeu à baixaria foi Dilma quando perguntou a Aécio o que ele achava da lei que pune motoristas que dirijam bêbados ou drogados.

[…]

No debate do SBT, Aécio impôs sua agenda. E rebateu os ataques de Dilma com calma, lógica e argumentos bem pensados. Dilma voltou a perguntar pelos parentes que Aécio empregou no governo de Minas. Aécio respondeu sobre apenas um deles — sua irmã, Andrea, que trabalhou no governo sem nada ganhar.

Em seguida, perguntou a Dilma pelo irmão dela, “que ganha sem trabalhar” na prefeitura de Belo Horizonte. Dilma acusou o golpe. Aécio carimbou na testa de Dilma que ela não conhece direito Minas. Dilma passou recibo da acusação.

O debate acabou com Dilma nocauteada. Não é força de expressão. Desorientada, como se não soubesse direito onde estava e o que lhe aconteceu, Dilma perdeu a voz ao responder à pergunta de uma repórter do SBT. Esqueceu que estava ao vivo. E, aparentemente grogue, pediu para recomeçar.

Não conseguiu. Alegou que estava passando mal. Foi socorrida com um copo de água. Quis voltar à responder. Como seu tempo acabara, se irritou com a repórter. Desfecho perfeito para uma luta que ela perdeu.

Mas quem melhor resumiu o espetáculo desta quinta foi um leitor meu, que enviou o seguinte vídeo, de um lutador marrento que desafiou um sujeito da plateia e acabou se dando muito mal:

Dilma chamou o tucano para a briga, rasgou as regras do jogo, ignorou qualquer código de conduta ética e civilizada. Mas Aécio não é como muitos outros tucanos, que sempre se curvaram com timidez (ou covardia?) aos petistas e seus golpes sujos. Aécio reagiu. Mandou Dilma à lona! Agora resta o povo brasileiro fazer o mesmo no dia 26 de outubro…

Rodrigo Constantino