realdolarNos últimos dias o dólar vem subindo e bateu a máxima histórica. Na manhã desta quinta-feira (24), a moeda americana chegou a R$4,23, durante a tarde fechou em R$3,99 e a noite R$3,79. A oscilação da moeda, no entanto, traz prejuízo para uns e benefícios para outros. O impacto da alta do dólar afeta o bolso de cada brasileiro, independente de classe social e não importa se o cidadão vai viajar para o exterior ou não. O economista Oswaldo Guerra, doutor em economia pela Unicamps, explicou ao Bocão News que existem quatro principais impactos para o país: a inflação, o custo alto para quem pretende viajar, o aumento da dívida das empresas que devem em dólar e impacto positivo para as exportações.

Sobre a inflação, o especialista explica que o Brasil importa uma série de matérias-primas e bens finais. “É o caso do trigo, que não produzimos por questões climáticas e quando o dólar dispara o custo para quem compra, no caso o Brasil, fica mais caro. Esse  custo elevado faz com que os produtores de pães, massas, biscoitos transfiram  para o preço final. É o caso também do querosene para aviação. Isso gera uma pressão inflacionária, ou seja, alta dos preços”, pontuou.

Guerra afirmou que o mercado econômico espera uma inflação para 2015 acima de 9% e com a crise pode até ultrapassar essa porcentagem prevista. O segundo ponto destacado pelo economista refere-se a quem está planejando uma viagem para o exterior. “As pessoas que tinham planejado viagens estão revendo seus planos. E aquelas que vão de qualquer jeito vão gastar muito mais”. Ele ressalta, no entanto que existe um ponto positivo nessa situação. As pessoas tendem a trocar os destinos internacionais para os nacionais e isso gera renda para o país e o setor turístico.

Outro ponto positivo com a alta da moeda é para as exportações do país. “As empresas que querem exportar são beneficiadas com essa desvalorização da moeda brasileira. Um produto brasileiro que custava R$4 reais, por exemplo, e dois dólares, agora custa 1 dólar. É um incentivo para as exportações”, explicou. Já as empresas endividadas em dólar são impactadas negativamente. “De uma hora para a outra a divida dá um salto. A Petrobras é um exemplo disso, a dívida disparou”, disse Oswaldo Guerra.

O economista avalia que nesse período de forte especulação, muita gente ganha dinheiro, pois compra a moeda e revende mais caro. Para ele a tendência é que abaixo de R$3 reais o dólar não volta tão cedo. “Enquanto tivermos em crise vamos ver essa oscilação”, concluiu.