Grupo realiza saques e ocupações em 13 fazendas vizinhas às de Geddel; Força Nacional pode intervir na região
Em uma das propriedades, invasores obrigaram esposa de caseiro a preparar comida
Um grupo cerca de 100 pessoas realizou neste domingo (1) novas ocupações e saques a fazendas vizinhas a do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), em Itapetinga, sudoeste da Bahia, e em Itaju do Colônia, cidade do sul do estado a 97 km de Itapetinga.
A região está sob tensão desde o dia 23 de setembro, quando a Fazenda Esmeralda, de propriedade de Geddel e familiares, localizada em Itapetinga, foi ocupada por índios que afirmam que a área é sagrada por haver nela cemitérios indígenas – argumento negado pela defesa dos Vieira Lima, que já pediu a reintegração de posse na Justiça. O emprego da Força Nacional não está descartado.
De acordo com o Sindicato Rural das duas cidades, o grupo estava armado e levou diversos objetos de valor das propriedades, como TVs, rádios, celas, arreios, facas e facões, e fizeram de reféns os funcionários das propriedades.
Em Itapetinga, foram oito fazendas ocupadas e cinco em Itaju do Colônia, onde em 2012 o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou como de habitação tradicional de índios da etnia Pataxó Hã-hã-hãe uma área de 54 mil hectares.
Para dificultar o acesso às fazendas, o grupo colocou no meio da estrada um caminhão quebrado. Em Itapetinga, a ação ocorreu no povoado de Palmares, para onde a Polícia Militar informou que enviou viaturas nesta segunda (2).
Tiros
Funcionários das fazendas foram mantidos sob o poder dos invasores durante todo o domingo – a ação ocorreu durante o dia. Em uma das propriedades, eles obrigaram a esposa do caseiro a preparar comida.
Em outra, por volta das 23h, foram ouvidos diversos disparos de tiros, não se sabe ainda se foram disparados para o alto, como forma de intimidação, ou se houve algum confronto.
Ainda não há a confirmação se o grupo que invadiu as propriedades é de indígenas ou sem terras. A Polícia Civil informou que já está acompanhando o caso e que até as 9h não tinha informações de pessoas feridas.
“Estamos recebendo os fazendeiros e ouvindo as queixas ainda, só teremos um balanço geral ao final do dia”, afirmou o delegado Antonio Roberto Júnior, da delegacia de Itapetinga.
O presidente do Sindicato Rural de Itapetinga Eder Rezende afirmou que a situação está tensa na região e que há a possibilidade de confronto. Ele e o prefeito de Itapetinga Rodrigo Hagge (PMDB) estarão em audiência no Ministério da Justiça nesta terça-feira (3) para pedir auxílio na resolução do conflito. Eles querem também apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Infelizmente, ocorreu o que estávamos prevendo durante a semana passada, quando dissemos que, pelas informações que tivemos, que a invasão da fazenda de Geddel não se tratava de apenas uma ação política. O que ocorreu neste final de semana foi tudo muito bem organizado. O que estamos vivendo é um estado de terror”, comentou Eder Rezende.
Fora da área
Um dos fazendeiros que teve a propriedade ocupada neste final de semana é José Elias Júnior, dono da Fazenda Santo Antonio, de 800 hectares, na zona rural de Itaju do Colônia. Um grupo de 70 índios está nas fazendas, segundo ele.