9Ortopedista mostra que essa deformidade tem nome: clinodactilia. Afeta, geralmente, o dedo pequeno e causa uma dobra em direção ao dedo anelar através da falange do meio

A clinodactilia é uma curvatura de um dedo da mão ou do pé que afeta numa incidência que varia entre 1% e 19,5%. É uma malformação congênita menor (defeito congênito). A base para a clinodactilia é que o osso do meio no dedo está subdesenvolvido e, em vez de ser retangular, é em forma de cunha. Afeta, geralmente, o dedo pequeno e causa uma dobra em direção ao dedo anelar através da falange do meio.

A falange média é o local de uma placa de crescimento anormal. Ela geralmente é apenas na base do osso do dedo, mas, nesta situação, pode haver uma placa de crescimento ao redor de um lado do osso – uma epífise. Isso realmente causa crescimento anormal com um lado aumentando de uma forma devagar, causando a curvatura do dedo. Isso geralmente piora com a idade.

Genética

Clinodactilia é um traço autossômico dominante que possui expressividade variável e penetrância incompleta. Pode ocorrer em qualquer dedo e muitas vezes afeta o polegar em crianças afetadas por síndromes. É um componente comum em algumas síndromes, como de Down (trissomia 21), de Klinefelter (XXY), de Aperts, de Turner, de Aarskog, de Carpenter, de Seckel, de Cornelia de Lange, de XXYY, da deleção 13q, de Silver-Russel e a orofaciodigital tipo 1.

Ortopedista descreve a clinodactilia, que pode deixar dedos de pés e mãos tortos (Foto: Getty Images)

Ortopedista descreve a clinodactilia, que pode deixar dedos de pés e mãos tortos (Foto: Getty Images)

Diagnóstico

Não há um consenso sobre o grau de angulação que justifica um diagnóstico, má inclinação entre 15° e 30° é característico. Um termo parecido com o mesmo, camptodactilia é uma deformidade de flexão fixa de um dedo.

Tratamento

Na maioria dos casos, a clinodactilia não é grave e, na maioria das vezes, é um problema de aparência e não de função. O tratamento só é necessário se o grau de curvatura for suficiente para causar incapacidade ou causar danos emocionais. O uso de talas não corrige rotineiramente a deformidade. No entanto, quando grave ou se atividades específicas são limitadas, a cirurgia pode ser considerada. Em crianças pequenas, o procedimento não fornece correção imediata, mas permite uma correção gradual com o crescimento. É realizado em crianças mais novas, idealmente inferior a cinco anos.

É mais comum que a clinodactilia seja notada ou problemática em crianças mais velhas, após a idade em que esse procedimento simples é efetivo. Nessas crianças, o osso pode ser cortado e realinhado (uma osteotomia) com bons resultados. Os tratamentos cirúrgicos são osteotomia em cunha de fechamento, osteotomia em cunha de abertura, e osteotomia em cunha reversa.

As radiografias dos dedos são úteis no planejamento do procedimento cirúrgico. A clinodactilia grave pode exigir alterações nos tecidos moles ao dedo, como a liberação da pele, deslocalização do tendão extensor, e avanço do ligamento colateral. Uma questão após esta cirurgia é a rigidez que afeta a última articulação no dedo, que melhora com o tempo. O mais importante é dizer que ter o dedo “tortinho” não afeta a pratica eposrtiva, portanto mantenha-se ativo sem moderação!

*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.

Mestre em ortopedia e traumatologia pela Santa Casa de São Paulo. Especialista e delegada regional do Comitê de Traumatologia esportiva, médica assistente do grupo de traumatologia da Santa Casa de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Futebol Feminino e membro da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva. www.anapaulasimoes.com.br (Foto: EuAtleta)