A infectologista Ceuci Nunes, diretora do Instituto Couto Maia, afirmou hoje (19), em entrevista ao Jornal da Cidade, que ainda não é possível perceber os reflexos das medidas restritivas nos hospitais. Segundo ela, os hospitais estão completamente lotados, sem leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) disponíveis. “A gente tem alguns leitos, mas muito raros, de enfermaria”.

Ceuci destacou ainda o aumento da gravidade nos casos da doença. “Nós não vimos ainda o efeito em tempo de internamento, temos visto pacientes muito graves, mas não temos certeza se é porque a cepa é diferente ou se é porque tem muita gente se contaminando e a gente recebe pacientes muito graves por sermos uma referência estadual”, afirma. “A gravidade é muito grande e tem uma outra característica, a gente ficava muito tranquila quando passava do 10ª dia de doença, e agora estamos vendo pacientes complicando a partir do 10º dia, até o 15º dia. Não é aquela pessoa que estava bem e aparece a doença no 14º dia, mas uma pessoa que tem um piora”, afirma.

De acordo com ela, a demora para as medidas surtirem efeito é devida à situação da epidemia no Brasil, que está fora de controle. “É muita gente infectada, então a gente tem visto muito comum pai, filho, avô, neto, todo mundo infectado na mesma família. Então com isso é como se o vírus já estivesse dentro de casa. Assim, tem muita gente infectada, então para isso surtir um efeito é uma coisa demorada”.

Mas, para não falar apenas de notícias ruins nesse tempo de agravamento da pandemia, a infectologista deu uma boa notícia: A sensação que a gente tem é que a vacinação dos profissionais de saúde está surtindo efeito. Estamos vendo muito menos profissionais com Covid. Tanto doentes, como de formas leves. A gente não está mais fazendo [os testes de detecção de coronavírus] quinzenalmente como fazíamos em todo mundo. A gente só faz agora em quem tem sintoma. E mesmo quem tem sintoma, geralmente não é por Covid”.

RK