Sancionado repasse de R$ 2 bi para santas casas e hospitais filantrópicos -  Notícias - Portal da Câmara dos Deputados

Metade das portas de entrada para o
Sistema Único de Saúde (SUS) podem fechar em breve. Com isso, em toda a Bahia,
86 hospitais vão parar de atender. Cirurgias mais comuns, como de procedimentos ortopédicos, estarão 50% mais difíceis
de serem acessadas. Já as mais complexas,
como de ponte de safena, 70%.
“O que um usuário esperava três meses, vai esperar um ano e olhe lá. É colapso total”, diz a presidente da Federação das Santas Casas da Bahia (Fesfba),
Dora Nunes.
A população deve experimentar essa
realidade, pelo menos durante um dia, na
próxima quarta-feira, 25. Em crise financeira, as Santas Casas e entidades filantrópicas do Brasil vão fazer uma manifestação em frente ao Planalto, em Brasília,
e discutem a paralisação de 24 horas de
todo o setor.
As entidades são responsáveis por 70%
dos atendimentos de alta complexidade
que são disponibilizados aos usuários do
SUS, além de mais da metade dos atendimentos de média complexidade, segundo a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Brasil (CMB).
Caso fossem encerrados, restariam
apenas 30% de unidades de saúde para
cuidar de pacientes com câncer, por
exemplo, que são mais de 600 mil pessoas em todo o país, de acordo com a última
atualização do Instituto Nacional de Câncer (Incra), feita em abril.
Em algumas cidades do interior baiano, como Campo Formoso, Barra e Catu,
ainda, a população ficaria sem qualquer
hospital. Essa é a situação de 824 municípios em todo o Brasil, que contam unicamente com os hospitais filantrópicos para
a assistência em saúde.
No entanto, o constante subfinanciamento do Sistema de Saúde às Santas Casas e entidades filantrópicas preocupa os gestores dos equipamentos.
INFLAÇÃO E DÍVIDAS
Nos últimos dez anos, pelo menos três
dentre os dez maiores hospitais do tipo
em Salvador faliram: o Hospital Espanhol,

o Sagrada Família e o Hospital Evangélico.
No mesmo período, 315 entidades filantrópicas fecharam em todo o país, e mais de dez em toda a Bahia.
As que restaram continuam lutando.
Na última quarta, foi realizada uma marcha simbólica na capital federal para reivindicar um maior financiamento do SUS aos hospitais, com reajustes inflacionários, e atualização dos contratos, que são os mesmos assinados em 2012.
Somadas todas as operações financeiras, o passivo com fornecedores e outros,
a CMB estima que há, no total, um endividamento de R$ 20 bilhões dos hospitais
filantrópicos.
“Essas entidades não chegaram ao que
chegaram de uma hora para outra. A própria modernização, com portarias e exigências do Ministério da Saúde, que não financia, ajudou a levar a isso”, diz o provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, José Antônio Rodrigues Alves.
De acordo com Antônio, o IAC, Incentivo à Contratualização, da tabela do SUS,
teve correção nos últimos 20 anos de 90%,
enquanto a inflação foi de 700%. Isso levou com que os hospitais filantrópicos recorressem a empréstimos, com juros e carências nada razoáveis.
“Do total do meu endividamento, que é
cerca de R$ 130 milhões, R$ 100 milhões
são do SUS conosco. E o que o governo federal fez? Me emprestou o dinheiro pelo
BNDES e vou pagar juros. Esse sistema
é altamente deficitário e gerou o fechamento de entidades filantrópicas”, afirma
o provedor da Santa Casa da Bahia. (Metro1)

RK