Vale tudo para superar o fim de um relacionamento? Nem sempre. Confira as ciladas mais comuns de todo término e saiba o que ter em mente para evitá-las

Embora seja difícil, o fim da relação é propício para a autorreflexão e para as mudanças acontecerem efetivamente. “É normal que, durante o relacionamento, as pessoas deixem a sua individualidade um pouco de lado. Então, o primeiro passo após o término é reencontrar sua identidade e retomar planos”, aconselha Paula Pessoa Carvalho, psicóloga comportamental.

Evite culpar apenas o outro lado da relação. Atitudes assim prolongam mágoa e dificultam o processo de aceitação.

É natural cair em algumas armadilhas para suprir a carência e dar um consolo à tristeza. O efeito consolador, porém, é apenas momentâneo. “Se substituirmos o que nos falta pela primeira coisa que encontrarmos, podemos fadar a nova situação ao fracasso. Respeitando o luto, aprendemos a pensar, rever as situações e aceitar o fim”, explica a psicanalista Patrícia Arantes.

O estudante de comunicação Willian Ferreira precisou passar por diversas situações desse tipo até se adaptar à nova realidade de solteiro, depois de quase três anos e meio de relacionamento. “Comecei a beber muito e sair todos os finais de semana, algo com o que não estava acostumado antes, já que eu e minha ex-namorada saíamos muito pouco”, lembra ele.

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Ficar com outras pessoas, em qualquer situação, também foi uma das experiências pelas quais Willian passou. “Eu me sentia tão mal, com a autoestima tão baixa, que sempre queria alguém por perto. Era um jeito de tentar provar um monte de coisa pra mim mesmo: que eu podia me virar bem sem a minha ex, que eu podia ser minimamente atraente para outras pessoas”, conta.

Envolver-se com outra pessoa após o fim do relacionamento nem sempre é considerado um erro pelos especialistas, já que depende muito da intenção de quem resolve começar um novo amor. “Não é um erro, desde que a cautela e certeza estejam presentes e que a carência e o medo de estar sozinho estejam afastados. Errado é fazer uma transferência, ou seja, procurar alguém com as mesmas características físicas ou qualquer outra semelhança com o antigo parceiro”, pontua Alexandre Bez, psicólogo especializado em relacionamentos.

Confira a seguir alguns erros comuns de quem precisa enfrentar a vida de solteiro novamente e saiba como evitá-los.

1. Culpar apenas um dos lados: todo mundo tem a sua parcela de culpa quando um relacionamento acaba. “A maioria das pessoas gosta de assumir a posição de vítima, colocando toda a responsabilidade pelo término no outro. Fazer uma autoavaliação é fundamental para lidar melhor com a situação”, diz Paula Carvalho.

2. Tentar mudar de personalidade: não existe amor sem admiração. Sendo assim, muitas pessoas chegam ao extremo de mudar de estilo de vida só para reconquistar o parceiro. Essa atitude acaba piorando o sentimento de carência e necessidade de aprovação do outro. Vale mais a pena buscar a própria individualidade do que tentar impressionar alguém do passado.

3. Não respeitar o período de luto: do mesmo jeito que leva algum tempo para construir uma relação sólida, é preciso ter paciência para se “desligar” de uma pessoa. Esse período de quietude e solidão é útil para o autoconhecimento e avaliação dos erros – e também acertos – cometidos até então. “A possibilidade de ter um melhor relacionamento aumenta quando passamos por essa experiência de solitude”, completa Alexandre Bez.

4. Engatar um relacionamento atrás do outro: ao contrário daquele clássico verso de Tom Jobim, é possível – e fundamental – ser feliz sozinho, por isso a importância de ter sempre um pé atrás antes de sair se comprometendo. “Aproveite a solidão para passear com os amigos, ir a lugares que você gostava, mas parou de frequentar durante o antigo relacionamento. É gostando de si mesmo e sendo seu melhor amigo que você encontrará uma pessoa na mesma sintonia”, afirma Patrícia Arantes.

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5. Não aceitar o término: tentar se enganar e achar que o relacionamento ainda não acabou é outro erro que prolonga o sofrimento, já que os dias se transformam em uma espera sem fim pela volta do parceiro. “Depois da fase de negação, a pessoa tenta reestabelecer o contato de algum jeito, para reatar algo que não tem mais solução”, observa Paula Carvalho. Segundo a especialista, o melhor a se fazer é aceitar o ponto final e seguir em frente, sem apego.

6. Assombrar a vida do ex: depois do término, é importante estabelecer alguns limites e não forçar a barra na reaproximação. Querer manter contato com a família do ex, mandar mensagens, telefonar eficar de olho nas redes sociais para saber como está a vida dele é querer machucar a si próprio. “Atitudes como estas geram tristeza e sentimentos negativos, além de aumentar a fantasia de que o outro está melhor do que você”, explica Patrícia Arantes.

7. Abandonar objetivos: querer desistir de tudo nunca é uma saída saudável para superar o fim do relacionamento. Muitas planos individuais acabam ficando para trás, portanto, esse é o momento para retomá-los e traçar novas metas. Pode ser uma viagem, um novo curso, um novo hobby… O importante é seguir em frente.

8. Se desesperar com a solidão: a vida não se resume a encontrar a sua “metade da laranja” e, após o término, é possível perceber isso com mais clareza. A solidão, ao contrário do que muita gente acredita, é fundamental para que saibamos nos relacionar com outra pessoa, sem dependência ou apego. Vale se cercar de amigos e familiares para curtir a solteirice com mais amor e só pensar em se envolver de novo quando for realmente a hora certa.