A ex-estudante de direito Érika Passarelli foi condenada a 17 anos de prisão por ter sido a mandante do assassinato de seu pai, Mario José Teixeira Filho, de 50 anos, que foi encontrado morto em agosto de 2010, no km 34 da BR-356, em Itabirito.
Na sentença, o juiz Antônio Francisco Gonçalves destacou que Érika não é ré primária e que a maioria do júri votou de forma favorável às acusações nos autos do processo de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima).
A defesa da ex-estudante afirmou logo após a sentença que irá recorrer da decisão pedindo a nulidade da condenação. Já o Ministério Público se mostrou satisfeito com o resultado. “Apesar de achar que a condenação seja pequena, respeito a lei e acho que a Justiça foi feita com esta condenação”, afirmou o promotor Cristian Lúcio da Silva.
O julgamento
Logo no início de seu interrogatório, que começou às 19h de ontem, Érika foi logo dizendo que falaria toda a verdade, mas que não responderia nenhuma pergunta do MPMG. “Explicarei tudo o que eu sei e estou aqui de consciência limpa. Sou inocente. Responderei as perguntas de todos, menos a do promotor presente. Não responderei porque acho que é só holofote e estou aqui para busca Justiça. Nesses dois anos, fiquei presa, e sempre fui acusada ma nunca fui ouvida pelo promotor anterior (marino)”, afirmou Érika, antes de permanecer calada diante das mais de 20 perguntas feitas pelo promotor.
Durante o julgamento, que começou com uma hora de atraso, a estratégia da defesa foi clara. Levar aos jurados a história familiar de Erika e principalmente a relação que ela tinha com o seu pai. A intenção foi dizer que os dois “tinham um carinho muito grande um com o outro” e que diante do histórico de crimes praticado pela vítima, a autoria do assassinato poderia ser de qualquer desafeto que Filho. “Ela é inocente e vamos provar isso hoje diante do depoimento das testemunhas”, disse o advogado Fernando Magalhães.
A primeira testemunha a ser ouvida foi o corretor de seguros Marcelo de Almeida, que confirmou ter confeccionado dois seguros no nome de Filho e tendo como beneficiária única Érika. Já a segunda testemunha, o amigo da família, Carlos Manuel Rosa, afirmou conhecer Érika desde pequena e disse acreditar que ela seria incapaz de cometer tal crime. Rosa disse ainda que Filho era “maquiavélico” e que não gostava sequer de si mesmo. “Por conta dos crimes que ele cometeu, acredito que eles tinha muitos inimigos”, afirmou a testemunha, que se contradisse na hora das perguntas do promotor e disse que não saberia identificar que inimigos Filho tinha.
A terceira e última testemunha, Fernando Drummond Teixeira, que foi ouvida por mais de três horas, foi mais a mais emocional de todas. Ele contou, que desde a morte do pai, Érika está em depressão e que inclusive ela usado medicamentos. “Ela era o xodó dele e ele era o xodó dela. Os dois eram muito ligados e tudo o que falam dela, principalmente na imprensa, é mentira. Ela está pagando por algo que não cometeu. Tenho absoluta certeza”, contou.
Ele também disse que Érika passou a sofrer ameaças após a morte do pai. “Provavelmente das mesmas pessoas que fizeram o que fizeram com o pai dela. Como falei, ela ficou muito deprimida e está assim até hoje”, garantiu.
Nenhuma testemunha de acusação foi ouvida, já que o ministério público perdeu o prazo de inscrever as pessoas.
Estilo. Érika entrou ao júri vestida de roupa social e foi logo sentando ao lado de seus advogados. Durante praticamente todo o julgamento mexeu em um computador e ficou discutindo com os defensores partes do processo e até as perguntas que seriam feitas às testemunhas. Na maior parte do tempo ela se mostrou séria e apenas começou esboçar emoções quando o padrasto dela começou a falar e a mãe dela entrou na plateia do tribunal.
As duas chegaram a trocar recados em alguns momentos e falava. “A senhora sabe que sou inocente. Vamos sair dessa”. Após a fala do pastarão, ela chegou a trocar um forte abraço e um beijo com ele.