arma no braçoRelatos de policiais militares que fazem parte do patrulhamento em bairros da zona sul do Rio de Janeiro indicam que criminosos que praticam roubos e assaltos na região desenvolveram uma espécie de bracelete com o objetivo de driblar o procedimento de revista, normalmente feito pela PM, e ocultar armas de fogo e objetos cortantes.

Segundo o capitão Renato Leal, do 2º BPM (Botafogo), chefe do policiamento nos bairros Flamengo, Laranjeiras, Cosme Velho, Catete e Glória, a nova estratégia criminosa consiste em amarrar fitas parecidas com garrotes (material utilizado na coleta de sangue) no braço. As armas (pistolas, facas etc.) são posicionadas junto ao corpo e presas sob as fitas.

“Como normalmente a revista do policial em fundada suspeita visava principalmente a cintura e as pernas, agora eles aparecem dessa maneira, escondendo arma no próprio braço”, disse o capitão.

Leal afirmou ainda que os policiais estão recebendo orientações por parte do comando do batalhão sobre “a nova forma de atuação desse pessoal”. Para ele, os criminosos que atuam na região da zona sul carioca “já não se sentem tão confortáveis para assaltar como em outros tempos”. “Se estivessem, não estariam arquitetando novas formas de agirem no crime”, disse.

Dados oficiais do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que o número de armas apreendidas triplicou na comparação de abril a junho deste ano com o mesmo trimestre do ano passado.

Em três meses, em 2014, a polícia havia recuperado apenas 11 armas de fogo. De abril a junho deste ano, foram 32 armas apreendidas, de acordo com os registros de ocorrência feitos nas duas delegacias da região (9ª DP e 10ª DP).

Cariocas “se armam” e andam em grupos

Os relatos de roubos, furtos e assaltos têm gerado grande repercussão no Rio nos últimos meses, em especial crimes cometidos na zona sul e na região central da capital fluminense. O uso de objetos cortantes em ações criminosas criou um clima de pânico nas ruas do Rio. Na maioria das abordagens, o alvo é o aparelho celular da vítima. Os dados do ISP indicam que, em um ano, o roubo de telefone móvel cresceu 62,3%.

Assustados com esse cenário e descrentes em relação à atuação do poder público, trabalhadores, comerciantes, estudantes e outros cidadãos comuns têm buscadomeios de autodefesa. Há relatos de pessoas que compraram equipamentos não letais –como spray de gengibre (que tem efeito mais fraco em comparação com o de pimenta) e aparelhos de choque. Também há indivíduos que, principalmente à noite, só andam em grupos no trajeto entre o trabalho ou instituição de ensino (colégios, universidades etc.) e o ponto de ônibus, estação de metrô e outros locais de acesso ao transporte público.