:: 28/abr/2024 . 23:06
COORDENADORA DO MST CRITICA FALTA DE EMPENHO DE LULA COM REFORMA AGRÁRIA
Integrante da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Ceres Hadich criticou o governo do presidente Lula pela falta de empenho no processo de reforma agrária – uma bandeira histórica da entidade. Em entrevista a VEJA, ela classifica a relação do MST com o Palácio do Planalto como de “muito diálogo e poucas respostas”. “Nossa pauta não avançou. Avaliamos que tem faltado empenho do governo para avançar, concreta e massivamente, o que deixa nossa base insatisfeita”, afirma. A crítica vem no momento em que o MST intensifica o número de invasões a propriedades como forma de pressionar o governo.
As relações com o governo Lula estão abaladas? Apoiamos o governo Lula. No entanto, avaliamos que tem faltado empenho do governo para avançar, concreta e massivamente, na pauta da reforma agrária, o que deixa nossa base insatisfeita. Muitas famílias estão há mais de quinze anos acampadas e têm a expectativa de que vão conquistar a terra sob o governo Lula. Também há um passivo imenso em relação à retomada de políticas públicas para as famílias assentadas, e isso gera um nível de tensionamento bastante grande, porque já estamos no segundo ano de governo. Nossa pauta não avançou. Ao longo de todo ano passado, inclusive na jornada de lutas de abril, apresentamos ao governo, que se comprometeu a avançar, mas não teve nada de concreto.
Há outras insatisfações? O governo não apresentou ainda um plano emergencial para resolver os problemas das famílias assentadas e acampadas e resolver os passivos acumulados nos últimos anos em relação à ausência de políticas para a reforma agrária. Não deu uma sinalização para as famílias que fizeram as ocupações. Assim, a luta das famílias acampadas, inclusive as ocupações, tendem a aumentar. É preciso que o governo garanta o orçamento necessário para que o Incra faça as vistorias e inicie os processos de desapropriação de terras. O programa apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário tem diversas medidas, mas o governo não garantiu o orçamento para implementar.
As invasões não acabam dificultando o avanço da reforma agrária? Há 28 anos, fazemos jornadas de lutas em memória a 21 trabalhadores assassinados no massacre de Eldorado dos Carajás e para defender a reforma agrária, apresentando nosso projeto para a sociedade e cobrando nossas reivindicações dos governos. Nos últimos 10 anos, a reforma agrária está paralisada e existe uma demanda das famílias, que se expressam com as ocupações de terra, realizadas para pressionar as instituições, incluindo o governo federal, a atender as necessidades das famílias. As jornadas de luta e ocupações de terra são parte da natureza e da cultura política do MST, é a forma de organizar o povo e expressar, para governo e sociedade, as demandas da reforma agrária. É uma forma de pressão social.
RK
PARA CIENTISTA, O PAÍS ESTÁ SOB O DOMÍNIO DA POLÍTICA DO ‘EU QUERO O MEU’
Diante de um orçamento apertado, o Congresso está em vias de aprovar a PEC do Quinquênio, que vai engrossar aumentar as despesas em estimados 42 bilhões de reais em vantagens que serão pagas a juízes e outras categorias do serviço público. Reportagem de VEJA desta semana mostra este descompasso com o mundo real. No município baiano de Dias D’Ávila, por exemplo, os professores foram “agraciados” com um reajuste salarial de inacreditáveis 46 centavos. Para o cientista político Alberto Aggio, da Universidade Estadual Paulista, os setores mais organizados têm prevalecido cada vez mais na definição do Orçamento, inclusive porque atores políticos importantes do passado perderam força. Para ele, o próprio PT não tem mais a capacidade de articular com segmentos da sociedade para tentar democratizar o Orçamento. Essa é a realidade. E o governo Lula é parte dela.
O Senado pode aprovar uma lei que vai destinar 42 bilhões a juízes e outras categorias. Enquanto isso, na Bahia, os professores recebem aumento de 46 centavos. Qual a razão dessa disparidade? Os setores mais organizados, com peso estrutural no estado brasileiro, como o Judiciário, acabam mostrando sua força nessa dinâmica da montagem orçamentária. Mesmo um partido como o PT e lideranças como o Lula não conseguem mais cimentar acordos como faziam antes. Quem fez a carreira política valorizando associativismo, o mundo dos interesses, como o Lula e o PT, não conseguem mais controlar isso, a não ser fazendo alianças.
O governo e o PT, então, são reféns desse sistema? Lula e o PT são obrigados a fazer alianças com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e com todos os interesses que ele representa. Caso não faça essas alianças, Lula pode seguir um caminho igual ao da então presidente Dilma Rousseff, que se isolou e sofreu impeachment. Mas não reféns. As coisas não estão difíceis para o presidente Lula porque o mundo é mau, mas porque Lula participou da construção desse mundo, do qual ele faz parte. Um sociólogo do Rio de Janeiro disse que o Lula ‘está sendo acossado pela Faria Lima’. Não, o Lula não está sendo acossado pela Faria Lima, pelo Judiciário, pelo Arthur Lira. Ele é parte desse mundo.
O senhor vê alguma perspectiva de mudança nesse cenário? O Brasil está desafiado a enfrentar um momento de reestruturação da dinâmica da sociedade com o Estado. O PT perdeu o controle disso, não mostra mais para a sociedade capacidade para fazer isso. O partido não tem novas lideranças. Aliás, as lideranças que tentam emergir vivem sob a batuta do presidente. Veja o que o Lula fez com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi cobrado em público. O PT envelheceu, é um partido de cabeças brancas.
RK
CASAS BAHIA ENTRA COM PEDIDO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL PARA DÍVIDA DE R$ 4,1 BI
A Casas Bahia entrou com pedido de recuperação extrajudicial para dívidas que somam R$ 4,1 bilhões. O pedido já é pré-acordado com os principais credores, que detém 54,5% dos débitos e, portanto, deve ser aplicado também aos demais credores pulverizados, dentre eles, pessoas físicas
O montante renegociado, que envolve a 6ª, 7ª, 8ª e 9ª séries de debêntures, tinha custo médio de CDI +2,7% e prazo de 22 meses. Agora, o custo está em CDI + 1,2%, em um prazo de 72 meses. Nos cálculos da empresa, o novo perfil da dívida preserva R$ 4,3 bilhões de caixa até 2027, sendo R$ 1,5 bilhão somente em 2024. Como contrapartida, os principais bancos credores ganham o dinheiro de converter 63% dos valores que lhe são devidos em ações da varejista.
O acordo inclui uma carência de 24 meses para pagamentos de juros e 30 meses para pagamento de principal. Assim, antes da renegociação, a empresa desembolsaria, até 2027, R$ 4,8 bilhões. Agora, a empresa terá de arcar, no mesmo prazo, apenas com R$ 500 milhões.
RK
BNDES LIBERA R$ 45,4 MILHÕES PARA INSTITUTO BUTANTAN DESENVOLVER VACINA TETRAVALENTE CONTRA GRIPE
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 45,4 milhões para o Instituto Butantan realizar ensaios clínicos para o desenvolvimento de uma vacina tetravalente contra a influenza, o vírus causador da gripe. A expectativa é que os resultados dos testes sejam submetidos à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em dezembro de 2024, com previsão de registro do imunizante no segundo semestre de 2025.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o apoio do banco possibilita o adensamento da pesquisa e inovação para o desenvolvimento do Complexo Econômico Industrial da Saúde, parte importante da Nova Política Industrial do governo. O objetivo é ampliar a eficácia da vacina contra a gripe utilizada nas campanhas do Ministério da Saúde, contribuindo para a melhoria do sistema de saúde e reduzindo hospitalizações, complicações e mortes causadas pela doença.
A vacina tetravalente desenvolvida pelo Instituto Butantan ampliará a eficácia do imunizante, protegendo contra os quatro tipos de vírus influenza mais prevalentes. Serão realizados dois ensaios clínicos, um englobando participantes acima de 3 anos e outro com crianças de 6 a 35 meses, gerenciados pelo Butantan e conduzidos por mais de 20 centros de pesquisa distribuídos pelo Brasil.
Para o diretor-executivo da Fundação Butantan, Saulo Nacif, a liberação dos recursos pelo BNDES chega em momento oportuno, fortalecendo a autonomia do Brasil no setor de imunobiológicos e contribuindo para a saúde pública do país.
RK
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