O presidente Lula (PT) conseguiu segurar as críticas à proposta de aumento do salário mínimo por parte dos sindicalistas, mas não será poupado de reclamações no ato de 1º de Maio.

Na quinta (27), o governo anunciou que elevará o salário mínimo para R$ 1.320 no dia 1º de Maio por uma nova medida provisória. O reajuste de R$ 18 garante um aumento real de 2,8% em 2023 —mas as centrais sindicais esperavam mais.

Na presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho), Lula explicou às lideranças das cinco maiores centrais sindicais que a proposta não era a esperada, mas foi a possível e apresentou o programa de valorização.

A política de valorização prevê a combinação de correção da inflação somada ao percentual de variação do PIB de dois anos anteriores ao do reajuste. A base é o INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

A previsão para o mínimo em 2024 é de R$ 1.389. A expectativa é que, com o retorno da política de valorização do salário mínimo, o piso seja reajustado anualmente para ganhos reais, ou seja, além da inflação.

O governo só não deixou claro de onde virá o dinheiro para bancar o aumento, que deve ficar em torno de R$ 5 bilhões.

Na reunião, as lideranças sindicais apontaram que esperavam que o governo surpreendesse e anunciasse um aumento ainda maior no evento. Haddad entrou em cena e disse que não seria possível.

Lideranças políticas e sindicais dizem que o apoio ao presidente e ao governo segue irrestrito, mas isso não significa que vão abrir mão das críticas.

O ponto para os sindicatos —origem política de Lula nos anos 1970— é que eles têm confiança no presidente, e sua palavra tem bastante valor. Eles também têm proximidade com Marinho, que também veio da luta sindical no ABC paulista.

Dos mais distantes, como Força Sindical, aos mais próximos, como a CUT, eles alertam que a cobrança não cessará.

RK